Texto inédito de Papa Francisco reflete sobre a morte e a velhice
Dias antes de ser internado, em fevereiro, Francisco escreveu o prefácio de um livro. No texto, o Papa reflete sobre como encarar a velhice. Sobre a sabedoria adquirida com a experiência e a transmissão de valores. Sobre a morte que, para ele, não era o fim, mas o começo de algo. Um novo começo.
“Não devemos ter medo da velhice, não devemos temer abraçar o envelhecer, porque a vida é a vida, e adoçar a realidade significa trair a verdade das coisas.
“Porque dizer “velho” não significa “descartável”, como às vezes uma cultura degradada do descarte nos faz pensar. Dizer velho, ao contrário, é dizer experiência, sabedoria, discernimento, ponderação, escuta, lentidão. Valores dos quais precisamos urgentemente!
“É verdade, envelhecemos, mas esse não é o problema: o problema é como envelhecemos. Se vivemos essa etapa da vida como uma graça, e não com ressentimento; se acolhemos esse tempo (ainda que longo) em que experimentamos forças reduzidas, o cansaço físico crescente, os reflexos já não iguais aos da juventude, com um senso de gratidão e reconhecimento, então, a velhice também se torna uma etapa da vida.
“Já ressaltei várias vezes como o papel dos avós é fundamental para o desenvolvimento equilibrado dos jovens e, em última análise, para uma sociedade mais pacífica. Porque seu exemplo, suas palavras, sua sabedoria podem inspirar nos mais jovens um olhar mais amplo, a memória do passado e o apego a valores duradouros.
“Em meio à correria das nossas sociedades, muitas vezes voltadas para o efêmero e para o gosto doentio pela aparência, a sabedoria dos avós torna-se um farol que brilha, ilumina a incerteza e dá direção aos netos, que podem tirar da experiência deles um “algo a mais” para sua vida cotidiana.
“A morte não é o fim de tudo, mas o começo de algo. É um novo começo porque a vida eterna, que quem ama já experimenta aqui na terra em meio às ocupações do dia a dia, é o começo de algo que não terá fim. e é exatamente por isso que é um começo 'novo': porque viveremos algo que nunca vivemos plenamente, a eternidade.”