Municípios do CE têm mais dinheiro para educação em 2024; entenda
Os municípios do Ceará, a partir de 2024, têm mais dinheiro para investir em educação. Desde janeiro, as prefeituras das 184 cidades do estado passaram a receber os recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) levando em conta um reajuste, que atinge a marca de 114%, considerando os valores previstos para o ano inteiro.
Isso acontece porque em junho de 2022 o Supremo
Tribunal Federal (STF) decidiu mudar os critérios para o repasse
feito a Estados e Municípios dos recursos arrecadados com a cobrança
do salário-educação das empresas, contribuição social paga por
empresas para financiar a educação pública. Entretanto, a mudança
só passou a valer desde janeiro deste ano, devido a um prazo
estipulado para permitir a previsibilidade orçamentária aos
gestores públicos.
A medida é resultado de uma iniciativa de
2009 de governadores dos nove estados do Nordeste, que protocolaram a
Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) de número
188, pleiteando que a distribuição das cotas do salário-educação
obedecesse apenas a proporcionalidade do número de alunos
matriculados na rede pública de ensino, afastando, portanto, o
critério da origem da fonte de arrecadação para a partilha do
recurso.
Na ação, os gestores argumentavam que os critérios
vigentes, com base no número de alunos matriculados e na origem da
arrecadação da contribuição, beneficiavam os estados mais
industrializados. O Plenário do STF acabou decidindo, por 7 votos a
4, atender ao pedido dos governadores nordestinos, entendendo que o
critério de origem da arrecadação do salário-educação afeta a
qualidade do ensino oferecido pelos estados que recebem repasses
menores.
Até 2023, a distribuição ocorria proporcionalmente
às matrículas da educação básica pública e ao valor da
arrecadação do salário-educação realizada no âmbito de cada
Estado. Agora, considera a proporção entre as matrículas de cada
rede de ensino e o total das matrículas da educação básica
pública, aplicada sobre a arrecadação em âmbito nacional.
O
consultor econômico da Associação dos Municípios do Estado do
Ceará (Aprece), José Irineu Carvalho, apontou que, na verdade, a
ação pedia algo que era previsto pela legislação, mas não era
seguido. “A lei já dizia que era para ser feito do jeito de agora,
só que não era obedecido. Tinha uma interpretação errônea”,
afirmou.
Ele informou que chegou a se pleitear ainda que fossem
repassados os valores correspondentes ao período em que a lei não
foi seguida adequadamente, mas o STF acabou decidindo fazer a
aplicação correta a partir de 2024. Ele concorda que houve, na
realidade, uma redistribuição dos recursos, beneficiando os estados
mais pobres do país.
Enquanto a medida diminuiu os recursos de
municípios de estados mais ricos, concentrados nas regiões Sul e
Sudeste, cidades de outros 21 estados passaram a ser
beneficiadas.
Aumento de repasses
O FNDE apresentou uma
relação comparativa dos valores desse recurso que Estados e
Municípios receberam no ano passado e o que devem receber neste ano,
com a implementação da ADPF 188 do STF.
Em 2023, o Estado do
Ceará recebeu R$ 92 milhões e agora, em 2024, receberá R$ 198
milhões até o final do ano, um aumento de 114%. Os municípios
cearenses receberam, no ano passado, R$ 309 milhões e, neste ano,
receberão R$ 663 milhões. Fortaleza, por exemplo, recebeu cerca de
R$ 54 milhões em 2023. O valor previsto para 2024 corresponde a algo
em torno de R$ 117 milhões.
FNDE
O Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação (FNDE) é uma autarquia federal
responsável pela execução de políticas educacionais do Ministério
da Educação (MEC). Funciona como “o maior parceiro” dos 26
estados, dos 5.565 municípios e do Distrito Federal. Os repasses de
dinheiro são divididos em constitucionais, automáticos e
voluntários (convênios). Além disso, o FNDE gerencia diversos
projetos e programas em execução, como Alimentação Escolar, Livro
Didático, Dinheiro Direto na Escola, Biblioteca da Escola,
Transporte do Escolar, Caminho da Escola, Reestruturação e
Aquisição de Equipamentos para a Rede Escolar Pública de Educação
Infantil.
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