Marinho acumula promessas que não saem do papel
O ministro Luiz Marinho realizou promessas no primeiro ano à frente do Ministério do Trabalho que ainda não conseguiu tirar do papel. Na lista, estão a regulamentação de trabalhadores por aplicativo, que ele próprio já classificou como “semiescravo”, mudanças nas regras do saque-aniversário do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e pontos da reforma trabalhista.
A garantia de regras trabalhistas e previdenciárias para plataformas de serviços foi tema amplamente discutido desde a campanha eleitoral. O próprio presidente Lula (PT) cita as difíceis condições desses trabalhadores em alguns dos discursos. “As empresas de aplicativo exploram os trabalhadores como jamais em outro momento na história os trabalhadores foram explorados”, afirmou o petista em uma dessas manifestações.
O governo realiza mesas
de negociação entre entidades sindicais e das empresas de
aplicativo, mas até hoje não chegaram a acordo sobre a
regulamentação. No final do ano passado, Marinho participou da live
semanal de Lula, Conversa com o Presidente, em que disse haver
dificuldades para fechar redação da proposta que regulamenta a
atividade desses trabalhadores.
“Com o transporte de pessoas,
o acordo está formalizado do ponto de vista dos valores, dos
procedimentos, do conceito. Nós estamos com muita dificuldade para
fechar a redação do acordo porque na prática será o projeto para
submeter ao Parlamento para virar lei”, afirmou o ministro, em 5 de
dezembro passado.
Ele repetiu ainda que não haveria acordo em
relação aos trabalhadores de aplicativos que fazem entrega, mas que
uma proposta deve ser encaminhada mesmo assim, ainda que não tenha
dado prazo. A primeira vez que o ministro prometeu um desfecho para o
tema foi durante a posse dele, em janeiro de 2023, quando disse que
resolveria ainda no primeiro semestre do mandato de Lula.
Na
ocasião, Marinho também disse que entregaria ao Congresso Nacional
nos meses seguintes uma política de valorização permanente do
salário mínimo, o que de fato ocorreu. O presidente sancionou a
medida com a política de reajustes acima da inflação, em
agosto.
Também durante a live de final de ano, ao lado de Lula,
o ministro pediu “desculpas” aos trabalhadores que foram
demitidos e não conseguiram sacar o FGTS por adesão ao
saque-aniversário do Fundo. Na ocasião, disse que ainda não tinha
sido possível concluir a proposta que muda as regras dessa
modalidade. O problema até o momento não foi resolvido.
Outro
tema sensível no governo é a revisão de trechos da reforma
trabalhista. Auxiliares de Lula negam que seja uma prioridade da
gestão petista, mas o ministro já defendeu isso publicamente em
diferentes ocasiões. Desde a posse, Marinho descarta uma revogação
completa da reforma, mas defende rever trechos, como o que trata da
terceirização.
Uma preocupação na discussão do tema é com
o custeio do movimento sindical e a autorregulação da estrutura
sindical, assuntos em discussão também entre as entidades
trabalhistas e patronais. Segundo o presidente da União Geral dos
Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah, a dificuldade em chegar a
consensos nas negociações se deu porque as empresas estiveram menos
flexíveis durante as negociações, em todos os temas.
Patah
espera ver desfecho até abril, inclusive sobre a regulamentação
dos serviços por aplicativos. A expectativa das centrais é poder
exaltar tais conquistas nos atos de 1º de maio, Dia do Trabalhador.
“Já imaginávamos que fosse difícil, mas foi mais. Mesmo assim
temos que estar valorizando esse diálogo, sem isso não vai sair
nada do papel”, disse
.
Procurado, o Ministério do Trabalho
não se manifestou sobre as promessas não cumpridas de Marinho.
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