Lira diz que Orçamento não é apenas do governo
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP/AL) afirmou nessa segunda-feira (5) que o Governo Federal precisa cumprir os acordos firmados e que o Orçamento não pode ser de autoria exclusiva do Executivo. O discurso do parlamentar se deu durante a cerimônia de abertura do ano legislativo e foi repleto de recados ao governo Lula (PT).
Nas últimas semanas, ele tem intensificado a fritura do ministro responsável pela articulação política, Alexandre Padilha, da Secretaria de Relações Institucionais. “Seguiremos firmes na prática da boa política, pressuposto mais do que necessário para o exercício da própria democracia. E a boa política, como sabemos, apoia-se num pilar essencial: o respeito aos acordos firmados e o cumprimento à palavra empenhada”, declarou Lira, sob aplausos do plenário.
“E é por nos mantermos
fiéis à boa política e ao cumprimento de todos os ajustes que
firmamos, que exigimos, como natural contrapartida, o respeito às
decisões e o fiel cumprimento aos acordos firmados com o
Parlamento”. O presidente da Câmara culpa o ministro Padilha por
descumprimento de acordos, sendo o principal deles a liberação das
verbas de emendas parlamentares negociadas com os deputados.
As
emendas, um dos principais pontos de atrito, são uma forma com que
deputados e senadores conseguem enviar dinheiro para obras e projetos
nas bases eleitorais e, com isso, ampliar o capital político. A
prioridade do Congresso Nacional é atender os redutos eleitorais, e
não as localidades de maior demanda no país.
O discurso de
Lira na abertura do ano legislativo no Congresso Nacional é a
primeira fala pública do parlamentar em 2024. Ele não participou do
ato Democracia Inabalada, que marcou um ano dos ataques golpistas
contra as sedes dos Três Poderes no começo de janeiro deste ano,
apesar de ter sido escalado para discursar no evento.
Orçamento
de todos
Ainda sobre a relação com o governo, na fala de
ontem, o presidente da Câmara disse que “o Orçamento da União
pertence a todos e todas e não apenas ao Executivo, porque, se assim
fosse, a Constituição não determinaria a necessária participação
do Legislativo em sua confecção e final aprovação. Não é e nem
pode ser de autoria exclusiva do Executivo e muito menos de uma
burocracia técnica que não foi eleita para escolher as prioridades
da nação e não gasta a sola de sapato percorrendo os pequenos
municípios brasileiros como nós, parlamentares”.
Ele disse
também que os parlamentares não foram eleitos para serem
“carimbadores” apenas. Um dos pontos de atrito entre o Executivo
e o Legislativo nesse começo de ano é o veto de Lula de R$ 5,6
bilhões às emendas de comissão dos parlamentares, que tende a ser
derrubado pelo Congresso.
Lira também teceu críticas a medidas
do Governo Federal que foram rejeitadas pelo Congresso no ano
passado. Ele citou a reoneração de setores da economia e o Programa
Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse). “Conquistas
como a desoneração e o Perse não podem retroceder sem uma ampla
discussão com esse parlamento.”
Sem inércia
Em ano
apertado pelas eleições municipais, quando tradicionalmente o
Congresso fica mais esvaziado durante o processo eleitoral, os
parlamentares deverão priorizar, novamente, pautas econômicas, a
exemplo do que ocorreu em 2023. Lira também afirmou que “errará
grosseiramente” quem apostar em inércia da Câmara em 2024, em
razão das eleições municipais e das “especulações” de quem
irá sucedê-lo na Presidência da Câmara, “que ocorre apenas em
2025”.
“Errará ainda mais quem apostar na omissão desta
Casa em razão de suposta disputa política entre a Câmara dos
Deputados e o Poder Executivo”. As declarações ocorrem em momento
em que há uma escalada de tensões com Padilha.
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