Janela partidária promete mudanças na Câmara de Fortaleza
A aproximação da janela partidária promete movimentar a política local. No período entre 7 de março e 5 de abril, os vereadores terão o direito de trocar de partido sem perder o mandato, já mirando as eleições municipais, em outubro. Com o fim dos mandatos se aproximando, muitos deles deverão tentar a recondução ao cargo. O papel deles é estratégico tendo em vista que poderão compor uma possível base de apoio aos candidatos na disputa pelas Prefeituras.
O Estado procurou alguns dos vereadores da Câmara Municipal
de Fortaleza (CMFor) cotados para mudar de partido durante a
janela.
Um dos casos mais emblemáticos é o dos vereadores
eleitos pelo PDT, que tem a maior bancada no Legislativo municipal,
com dez parlamentares atualmente. Como consequência do racha no
partido a nível estadual, em Fortaleza, o PDT pode perder ao menos
dois vereadores, que são do grupo rompido com o prefeito José Sarto
(PDT). É o caso de Ana Paula Brandão (PDT) e Júlio Brizzi (PDT).
Ambos são cotados para ir para o PSB, acompanhando o senador Cid
Gomes (PSB), líder do grupo dissidente do PDT. Ainda assim, eles não
descartam outras possibilidades.
“Se o senador Cid disser que eu tenho que sair candidata
pelo PSB, eu sairei pelo PSB. Se ele disser que eu tenho que sair
candidata por outro partido, eu irei por outro partido. Se ele disser
que eu tenho que compor (candidatura) majoritária, eu irei compor
majoritária para fazer pressão pelo bloco de coalizão contra o
prefeito Sarto na capital”, disse Ana Paula.
Ela afirmou ainda
que pode ingressar em qualquer partido da coalizão que apoie a
pré-candidatura do deputado estadual Evandro Leitão (PT), que é um
dos nomes do PT que se apresentaram como opção para uma candidatura
à Prefeitura de Fortaleza.
Júlio Brizzi também sinalizou deixar o PDT. “É um
momento muito ruim do PDT, decisões equivocadas que estão afastando
as pessoas e descaracterizando ideologicamente o partido, que se
aproxima cada vez mais do Bolsonaro”. Ele lembrou o episódio em
que a CMFor aprovou o título de cidadão fortalezense ao
ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), com o apoio de parte da bancada do
PDT. “O que vai ser daqui para frente eu não sei”, disse sobre o
futuro partidário.
Ao mesmo tempo em que pode ter baixas, o PDT
também trabalha para ampliar seus quadros de filiados. No ato da
posse da Comissão Provisória que passou a comandar o partido no
Ceará no dia 12 de janeiro, foram realizadas algumas “filiações
simbólicas”, entre elas, as de duas vereadoras: Kátia Rodrigues
(Cidadania) e Ana Aracapé (PL).
Do PL, além de Ana Aracapé, outros dois deverão deixar o
partido: Bruno Mesquita (PL) e Tia Francisca (PL). “O que eu
escutei do Bruno, da Tia e da Ana é que, de fato, eles já
confirmaram a saída, que isso já é certo para eles”, informou o
vereador Pedro Matos (PL). As baixas no PL têm relação com a
mudança no comando do Diretório Estadual, que passou do prefeito do
Eusébio, Acilon Gonçalves, para o deputado estadual, Carmelo Neto,
aproximando mais o partido, no Ceará, do bolsonarismo. A mudança
não agradou alguns filiados, em especial a ala que apoia a gestão
Sarto.
O próprio Pedro é cotado para deixar o PL, mas ele não
confirma nem descarta essa possibilidade. Ele diz que Acilon e
Carmelo estão em diálogo para definir o futuro do partido em
Fortaleza e ele espera essa definição para tomar uma decisão. “Eu
vou avaliar se existe alguma outra construção de um partido em que
eu consiga seguir minha ideologia que é de centro-direita para que a
gente possa fazer um bom trabalho aqui na Câmara e disputar uma
reeleição”, afirmou.
“Eu tenho percebido que o Acilon não saiu do partido e
acredito que não vai sair do PL. Então, é algo que a gente tem que
esperar essas definições para tomar qualquer decisão de uma
possível mudança partidária”, concluiu.
Outro partido que
teve mudanças no comando recentemente foi o PSB, o que poderá
influenciar as movimentações durante a janela partidária. O
vereador Moura Taxista (PSB) é aliado do prefeito Sarto, mas a nível
estadual o PSB passou a integrar o grupo político que apoia o
governador Elmano de Freitas (PT). “Quando entrei lá (no PSB) era
o Denis Bezerra o presidente, hoje é o Eudoro Santana. Está sendo
composta uma nova diretoria no partido a nível municipal. Eu ainda
não recebi nenhum convite, mas acredito que após o Carnaval esse
debate vai se intensificar”, informou o parlamentar.
“Tenho tido um alinhamento muito bom com a gestão do
prefeito Sarto e pretendo continuar com esse alinhamento. Isso abre
um leque para conversar com alguns partidos da base do prefeito
Sarto”, completou.
Além de vereadores que pretendem mudar de
partido, a CMFor tem atualmente dois parlamentares que estão sem
filiação partidária: Ronivaldo Maia e Diógenes Madeira. Maia era
filiado ao PT até ser expulso da sigla depois que foi acusado de uma
tentativa de feminicídio. Ele faz parte do grupo político liderado
pelo governador Elmano de Freitas. Já Madeira foi candidato nas
eleições de 2020 pelo Cidadania, mas não foi eleito. Ele assumiu
uma vaga na Câmara como suplente do vereador Michel Lins, atual
presidente do PRD. Para disputar um cargo nas eleições deste ano,
os vereadores precisam estar filiados a um partido político.
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