Generais cearenses são alvos de operação sobre tentativa de golpe
Dois generais
cearenses estão entre os alvos da operação Tempus Veritatis,
deflagrada pela Polícia Federal (PF) nessa quinta-feira (8), que
investiga a existência de organização criminosa para atuar em
tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de
Direito, para obter vantagem política ao então presidente Jair
Bolsonaro (PL), derrotado na eleição de 2022. Policiais federais
cumpriram medidas judiciais, expedidas pelo Supremo Tribunal Federal
(STF), em diversos estados do país, incluindo o Ceará.
Os
militares cearenses na mira da operação são o general Paulo Sérgio
Nogueira de Oliveira, ex-ministro da Defesa, e o general Estevam Cals
Theophilo Gaspar de Oliveira, ex-chefe do Comando de Operações
Terrestres do Exército.
Os dois estão entre grupo de
oficiais-generais das Forças Armadas que discutiram com Bolsonaro a
edição de um decreto golpista contra a eleição de Luiz Inácio
Lula da Silva (PT) na presidência da República, segundo
investigação da PF que teve acesso a mensagens nos celulares do
tenente-coronel e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, e de
outros investigados.
Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira é
natural de Iguatu, no Centro-Sul do Ceará. Foi ministro da Defesa e
Comandante do Exército no governo de Jair Bolsonaro. Quando
Comandante do Exército, isentou o general Eduardo Pazuello de
punição por ter subido a um palanque junto com Bolsonaro.
Como
ministro da Defesa, foi um dos líderes do bolsonarismo contra o
sistema eletrônico de votação, formulando questionamentos por
vezes disparatados e colocando em dúvida reiteradas vezes a
segurança das urnas eletrônicas. Em 2022, após a eleição
presidencial, ele entregou um relatório ao Tribunal Superior
Eleitoral (TSE) das Forças Armadas que questionava a segurança do
processo eleitoral.
Paulo Sérgio é um dos cinco
oficiais-generais de quatro estrelas, no topo da carreira militar,
atingidos pela operação da PF.
Estevam Cals Theophilo
Gaspar de Oliveira é natural de Fortaleza, já tendo comandado a 10ª
Região Militar, na capital cearense. De uma tradicional família
militar, ele é irmão do também general da reserva Guilherme
Teophilo, que foi candidato a governador do Ceará pelo PSDB em 2018,
secretário nacional de Segurança Pública durante a gestão de
Sérgio Moro no Ministério da Justiça e atualmente é presidente do
partido Novo em Fortaleza.
Recém-passado à reserva,
Estevam é ex-chefe do Comando Militar da Amazônia e do Comando de
Operações Terrestres do Exército (Coter). É apontado nos
bastidores do Exército como um dos mais bolsonaristas entre os
integrantes do Alto Comando da corporação nos últimos anos do
governo Bolsonaro, portanto, durante o 8 de Janeiro.
A PF
concluiu, a partir das mensagens de Mauro Cid, que Teophilo se reuniu
com Bolsonaro e teria concordado em executar as medidas que
culminariam na consumação do golpe de Estado.
De acordo com os
mandados assinados pelo ministro do STF, Alexandre de Moraes, tanto
Paulo como Estevam foram alvos de busca e apreensão. Assim, eles
ficam proibidos de se ausentar do Brasil e de manter contato com
outros investigados, inclusive por meio de advogados.
Operação
Nessa
quinta-feira (8), a PF cumpriu 33 mandados de busca e apreensão,
quatro mandados de prisão preventiva e 48 medidas cautelares
diversas da prisão. As apurações apontam que os investigados se
dividiram em núcleos de atuação para disseminar a ocorrência de
fraude nas eleições de 2022.
O primeiro consistiu na
propagação da versão de fraude eleitoral, por meio da disseminação
falaciosa de vulnerabilidades do sistema eletrônico de votação. O
segundo consistiu na prática de atos para subsidiar a abolição do
Estado Democrático de Direito, através de golpe de Estado, com
apoio de militares com conhecimentos e táticas de forças especiais
no ambiente politicamente sensível.
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