Dino toma posse como ministro do STF ao lado de Lula
Durante cerimônia com a presença do presidente Lula (PT), o ex-ministro da Justiça Flávio Dino tomou posse, nesta quinta-feira (22), como novo integrante do Supremo Tribunal Federal (STF), na vaga deixada pela ministra Rosa Weber, que se aposentou no ano passado. Na solenidade, o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, destacou o currículo do novo ministro e disse que pessoas de todas as visões políticas estavam presentes, o que, segundo ele, é uma vitória da democracia e da civilidade.
Barroso afirmou que Dino é “um homem
público que serviu ao Brasil em muitas capacidades e nos Três
Poderes. A presença massiva neste plenário de pessoas de visões
políticas as mais diversas apenas documenta como o agora ministro
Flávio Dino é uma pessoa respeitada e querida pela comunidade
jurídica, política e pela sociedade brasileira”. O presidente do
Supremo ainda fez brincadeira após o novo ministro assinar o termo
de posse. “Agora é sem volta.”
Dino não discursou e
apenas leu o compromisso de posse. Também participaram da solenidade
os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD/MG), e da Câmara,
Arthur Lira (PP/AL), além de diversas outras autoridades. O decano
do STF, Gilmar Mendes, e o último a ser empossado, Cristiano Zanin,
acompanharam Dino ao plenário para o início da cerimônia. Ao todo,
900 pessoas foram convidadas para a solenidade.
Herança
Dino
herda acervo de, aproximadamente, 340 processos, que estavam sob a
responsabilidade de Rosa Weber. Entre esses casos, há pedido de
investigação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid
contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aliados, por suspeita de
incitar a população a adotar comportamentos inadequados no período
da pandemia.
Além disso, há recurso que trata da
possibilidade de concessão de indulto natalino pelo presidente da
República contra pessoas condenadas por crimes com pena máxima
inferior a cinco anos. Dino também ficará responsável pelo
inquérito contra o ministro das Comunicações, Juscelino Filho
(União), que foi colega dele na gestão de Lula. É possível que
ele se declare impedido ou suspeito de julgar a ação. Juscelino
compareceu à solenidade no STF.
Dino também será o
relator de processos contra o senador Chico Rodrigues (PSB/RR), que
em 2020 foi flagrado com dinheiro na cueca em operação da Polícia
Federal contra o desvio de recursos de combate à covid-19. Dino
também era filiado ao PSB. O senador de Roraima também esteve na
solenidade.
Indicação
Dino é o segundo indicado
por Lula no atual mandato do presidente. O primeiro foi Cristiano
Zanin, que defendeu o petista em ações da Operação Lava-Jato.
Dino é o primeiro ministro do STF, entre os indicados desde 1985, a
ter sido eleito para cargo do Executivo antes de compor o Supremo.
Incluindo o Legislativo no recorte, após período de pouco mais de
25 anos, Dino é o quinto indicado desde a redemocratização a ter
passado por cargo eletivo.
Ao ser aprovado no Senado para
o STF, em dezembro do ano passado, Dino recebeu 47 votos a favor e 31
contra, além de duas abstenções. Para ter o nome ratificado, ele
precisava do apoio de ao menos 41 dos 81 parlamentares, em votação
secreta.
Desde a redemocratização, apenas André
Mendonça, indicado por Bolsonaro, havia recebido mais votos
contrários (32) do que Dino (31). Após a aprovação, Dino somou 69
dias em atividade política antes de assumir o assento no órgão de
cúpula do Judiciário. Ele passou três semanas no Senado, mantendo
a filiação ao PSB, mesmo tendo prometido que mudaria a forma de
atuação devido à indicação para o Supremo.
Com a
chegada de Dino, o STF será formado por 10 homens e apenas uma
mulher, a ministra Cármen Lúcia. Lula foi pressionado, após a
aposentadoria de Rosa Weber, a escolher uma mulher, sob o argumento
de não reduzir a representação feminina no Supremo. O presidente
ignorou essas pressões e a lista dos principais cotados para o posto
era formada somente por homens.
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