Aliados desistem de ir a ato pró-Bolsonaro em SP
O chamado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para ato em apoio a ele na Avenida Paulista, em São Paulo, no último domingo (25) deste mês, parece ainda não ter animado a maioria dos principais líderes políticos que estiveram com Bolsonaro na eleição de 2022. De 20 lideranças procuradas pela reportagem, apenas três confirmaram presença e quatro já disseram que não irão ao evento marcado em meio às investigações da Polícia Federal (PF) sobre a atuação do então presidente em trama golpista.
Os demais silenciaram
diante da pergunta da reportagem ou responderam que ainda não existe
definição de agenda para a data. No vídeo em que chama os
apoiadores, Bolsonaro pede a eles que não levem faixas e cartazes
contra ninguém e fala em ato de apoio ao que chama de “Estado
Democrático de Direito”. Diz que pretende se “defender de todas
as acusações que têm sido imputadas” a ele “nos últimos
meses”.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas
(Republicanos), afirmou na quarta-feira (14) que irá ao ato. “É
uma manifestação pacífica a favor do [ex-]presidente e estarei ao
lado dele, como sempre estive”, afirmou à CNN Brasil. Eleito com
apoio de Bolsonaro, de quem foi ministro da Infraestrutura, Tarcísio
cultiva relação de atritos e aproximações com a base
bolsonarista.
Enquanto integrante do governo de Bolsonaro,
Tarcísio endossou a postura negacionista do então presidente. O
agora governador estava ao lado de Bolsonaro na live em que o
ex-presidente ri ao comentar suposto aumento de suicídios na
pandemia.
Entre alguns dos principais auxiliares e aliados de
Bolsonaro que hoje estão no Congresso Nacional, houve divisão sobre
o comparecimento ao ato do dia 25. As senadoras Tereza Cristina
(PP/MS) e Damares Alves (Republicanos/DF), por exemplo, disseram que
não vão devido a compromissos já agendados para a data. O de
Tereza, relativo a procedimento médico, segundo a assessoria.
Damares não informou qual é o compromisso. As duas foram ministras
de Bolsonaro, ocupando respectivamente as áreas da Agricultura e da
Mulher, Família e Direitos Humanos.
Já o senador Ciro Nogueira
(PP/PI), ministro da Casa Civil de Bolsonaro, disse que irá ao
evento e levará “toda sua família”. O senador Marcos Pontes
(PL/SP) também confirmou presença, por meio da assessoria.
O
então vice de Bolsonaro, Hamilton Mourão, hoje senador pelo
Republicanos/RJ, disse por meio da assessoria que não iria comentar
o ato. Após a operação da PF que mirou a suposta trama para golpe
de Estado liderado por Bolsonaro e militares de alta patente, Mourão
conclamou os atuais comandantes das Forças Armadas a não se
omitirem contra a “condução arbitrária de processos ilegais”.
No dia seguinte, soltou nota recuando e se dizendo legalista.
O presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP/AL); o prefeito de SP, Ricardo Nunes (MDB); o senador Sergio Moro (União/PR); e o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB); não responderam à pergunta da reportagem sobre participação no ato do dia 25. Da mesma forma, os governadores do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL); de Mato Grosso, Mauro Mendes (União); de Rondônia, Marcos Rocha (União); do Paraná, Ratinho Junior (PSD); de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo); de Goiás, Ronaldo Caiado (União); e do Amazonas, Wilson Lima (União).
Caso seja processado e condenado pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito e associação criminosa, o ex-presidente poderá pegar pena de até 23 anos de prisão e ficar inelegível por mais de 30 anos. Bolsonaro ainda não foi indiciado por esses delitos.
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