sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

 Aliados desistem de ir a ato pró-Bolsonaro em SP

O chamado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para ato em apoio a ele na Avenida Paulista, em São Paulo, no último domingo (25) deste mês, parece ainda não ter animado a maioria dos principais líderes políticos que estiveram com Bolsonaro na eleição de 2022. De 20 lideranças procuradas pela reportagem, apenas três confirmaram presença e quatro já disseram que não irão ao evento marcado em meio às investigações da Polícia Federal (PF) sobre a atuação do então presidente em trama golpista.

Os demais silenciaram diante da pergunta da reportagem ou responderam que ainda não existe definição de agenda para a data. No vídeo em que chama os apoiadores, Bolsonaro pede a eles que não levem faixas e cartazes contra ninguém e fala em ato de apoio ao que chama de “Estado Democrático de Direito”. Diz que pretende se “defender de todas as acusações que têm sido imputadas” a ele “nos últimos meses”.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou na quarta-feira (14) que irá ao ato. “É uma manifestação pacífica a favor do [ex-]presidente e estarei ao lado dele, como sempre estive”, afirmou à CNN Brasil. Eleito com apoio de Bolsonaro, de quem foi ministro da Infraestrutura, Tarcísio cultiva relação de atritos e aproximações com a base bolsonarista.

Enquanto integrante do governo de Bolsonaro, Tarcísio endossou a postura negacionista do então presidente. O agora governador estava ao lado de Bolsonaro na live em que o ex-presidente ri ao comentar suposto aumento de suicídios na pandemia.
Entre alguns dos principais auxiliares e aliados de Bolsonaro que hoje estão no Congresso Nacional, houve divisão sobre o comparecimento ao ato do dia 25. As senadoras Tereza Cristina (PP/MS) e Damares Alves (Republicanos/DF), por exemplo, disseram que não vão devido a compromissos já agendados para a data. O de Tereza, relativo a procedimento médico, segundo a assessoria. Damares não informou qual é o compromisso. As duas foram ministras de Bolsonaro, ocupando respectivamente as áreas da Agricultura e da Mulher, Família e Direitos Humanos.

Já o senador Ciro Nogueira (PP/PI), ministro da Casa Civil de Bolsonaro, disse que irá ao evento e levará “toda sua família”. O senador Marcos Pontes (PL/SP) também confirmou presença, por meio da assessoria.
O então vice de Bolsonaro, Hamilton Mourão, hoje senador pelo Republicanos/RJ, disse por meio da assessoria que não iria comentar o ato. Após a operação da PF que mirou a suposta trama para golpe de Estado liderado por Bolsonaro e militares de alta patente, Mourão conclamou os atuais comandantes das Forças Armadas a não se omitirem contra a “condução arbitrária de processos ilegais”. No dia seguinte, soltou nota recuando e se dizendo legalista.

O presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP/AL); o prefeito de SP, Ricardo Nunes (MDB); o senador Sergio Moro (União/PR); e o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB); não responderam à pergunta da reportagem sobre participação no ato do dia 25. Da mesma forma, os governadores do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL); de Mato Grosso, Mauro Mendes (União); de Rondônia, Marcos Rocha (União); do Paraná, Ratinho Junior (PSD); de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo); de Goiás, Ronaldo Caiado (União); e do Amazonas, Wilson Lima (União).

Caso seja processado e condenado pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito e associação criminosa, o ex-presidente poderá pegar pena de até 23 anos de prisão e ficar inelegível por mais de 30 anos. Bolsonaro ainda não foi indiciado por esses delitos.

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