Site do governo lançado no 8 de janeiro faz críticas à Lava-Jato
O site Repositório Digital para Construção do Museu da Democracia, lançado pelo governo Lula (PT) na segunda-feira (8) como parte das iniciativas voltadas à marca de um ano dos ataques golpistas de 8 de janeiro, promove um portal crítico à Lava-Jato, com referências a “conluio”, “viés político” e “espetacularização” da operação que chegou a levar o petista à prisão. Iniciativa do Ministério da Cultura e do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), a página incluiu o Museu da Lava-Jato em seção que lista projetos de memória elaborados pela sociedade “voltados à compreensão das questões contemporâneas da democracia brasileira”.
“O princípio é ampliar o diálogo da iniciativa com as ações já em
desenvolvimento no país, fundamentais para se compreender os desafios e as
questões mais sensíveis da democracia no Brasil”, diz o texto. O Museu da
Lava-Jato afirma no portal que a operação passou de uma iniciativa de grande
apelo popular para “um grande escândalo internacional a partir do conluio entre
procuradores e magistrado”.
Projeto de um grupo de juristas, jornalistas e historiadores, o Museu diz na
página inicial que pretende “legitimar a memória popular” sobre a operação. A
iniciativa tem centro de documentação da Lava-Jato, que reúne acervo jurídico e
jornalístico, além dos desdobramentos; núcleo de pesquisa da lawfare (termo que
designa o uso das leis para a disputa política) no Brasil; e memorial dedicado
à vigília Lula Livre, com fotos e linha do tempo com os acontecimentos.
O site do Museu lista ainda como missão “rememorar
criticamente” os acontecimentos e desdobramentos envolvendo a Operação
Lava-Jato, a vigília Lula Livre, os personagens e histórias. E cita a frase:
“lembrar para não repetir”.
Em um texto intitulado “Corrupção no Brasil: como
chegamos aqui?”, o Museu argumenta que houve na operação um processo de
“espetacularização das investigações”, que, segundo o site, culminou no “clima
político” do impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) e na prisão de Lula.
“Rapidamente, o viés político da ‘campanha por justiça’ destacou-se pela
perseguição a figuras políticas de esquerda, principalmente, do Partido dos
Trabalhadores (PT), que foi acatada por diversas esferas sociais e praticadas tanto
por membros do magistério quanto pela população, incitada pela intensiva e
invasiva cobertura midiática”, diz.
Na mesma seção de projetos da sociedade, são
listadas pelo repositório do governo outras 13 iniciativas. Integrantes do
governo, aliados de Lula e apoiadores do petista tecem duras críticas à
Lava-Jato, que levou à prisão dele em abril de 2018. Responsável pelos
processos da operação no Paraná, o então ex-juiz Sergio Moro virou antagonista
do petista. Após a eleição de Jair Bolsonaro (PL), Moro se tornou ministro da
Justiça do governo e, atualmente, é senador pelo União/PR.
Em 2019, a divulgação de mensagens trocadas entre
Moro e procuradores envolvidos na operação indicou que houve colaboração dele
com a força-tarefa, o que contribuiu para a contestação dos métodos da
Lava-Jato. Dois anos depois, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou a
anulação de todas as condenações proferidas contra Lula pela 13ª Vara Federal
de Curitiba, responsável pela Lava-Jato, o que fez com que o petista ficasse
apto a disputar as eleições de 2022.
Procurado, o Ministério da Cultura afirmou que a
equipe técnica do Ibram tem levantado iniciativas que se relacionem com a
proposta do Museu da Democracia, que é “abordar a construção da democracia, a
partir de fatos históricos e exemplos práticos de cidadania e luta social”.
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