segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

 

PSB confirma filiação de Cid e prefeitos 

O Diretório Estadual do PSB confirmou que a filiação do senador Cid Gomes e demais dissidentes do PDT Ceará ocorrerá em evento no próximo domingo (4). O ato político ocorrerá às 9h, na Escola Superior do Parlamento Cearense (Unipace), na Aldeota, em Fortaleza.

Deverão estar presentes lideranças locais e nacionais do PSB, bem como de vários outros partidos, principalmente aqueles que compõem a base aliada do Governo do Estado. A publicação do PSB Ceará nas redes sociais diz que, junto de Cid, estarão “prefeitos e lideranças municipais do Estado do Ceará”.
Além disso, “a filiação do senador Cid Gomes e de um grupo numeroso de prefeitos irá projetar o PSB como uma das maiores forças partidárias do estado, fortalecendo o projeto Ceará Cada Vez Mais Forte com Lula, Camilo, Elmano e Cid”, cita o texto do partido.

Conforme o presidente do PSB no Estado, Eudoro Santana, já havia antecipado, os primeiros do grupo liderado por Cid a se filiarem são o próprio senador e cerca de 40 prefeitos ligados a ele, pois ocupam cargos majoritários. Dessa forma, podem mudar de partido sem perder os mandatos.
No entanto, o grupo também inclui quatro deputados federais e 14 estaduais (entre titulares e suplentes), além de vereadores. No caso dos parlamentares, eles têm restrições para mudar de partido, pois os mandatos pertencem à agremiação pela qual foram eleitos. Mesmo assim, muitos já demonstraram que seguirão Cid Gomes na filiação ao PSB.

A série de acontecimentos começou ainda na eleição de 2022 para o Governo do Estado, que desencadeou racha no PDT cearense. A disputa ficou mais acirrada em 2023, com dois grupos divergindo e se enfrentando pelo comando do partido no Estado.
Enquanto uma ala majoritária, liderada pelo senador Cid, era aliada do governador Elmano de Freitas (PT), outro grupo, com lideranças como o deputado federal André Figueiredo e o ex-ministro Ciro Gomes, queria ficar na oposição ao Partido dos Trabalhadores. Em novembro passado, o grupo de Cid decidiu deixar o PDT e prometeu seguir unido para outro partido.

Anulação
Ainda sobre a novela pedetista, a nova direção do PDT no Ceará busca barrar a saída dos dissidentes que querem acompanhar Cid na filiação ao PSB. A Comissão Provisória presidida pelo ex-senador Flávio Torres decidiu anular as cartas de anuência que tinham sido concedidas pelo próprio senador, em novembro passado, quando ele era presidente estadual do PDT, com o objetivo de permitir que os aliados pudessem trocar de partido sem perder os mandatos.
A medida da Comissão Provisória, tomada na quarta-feira (24), atinge os deputados (titulares ou suplentes): Salmito Filho, Antônio Granja, Sérgio Aguiar, Romeu Aldigueri, Oriel Filho, Marcos Sobreira, Lia Gomes, Jeová Mota, Helaine Coelho, Guilherme Landim, Guilherme Bismarck, Osmar Baquit, Bruno Pedrosa e Tin Gomes. De acordo com a ata da reunião, a decisão teve como base uma resolução da Executiva Nacional do PDT, que determina que cabe exclusivamente à essa Executiva a homologação de cartas de anuência expedidas pelos diretórios estaduais ou municipais.

O jornal O Estado entrou em contato com a assessoria de imprensa de Cid Gomes, que informou que o senador estava viajando. O grupo de parlamentares que teve a anuência anulada já tem uma ação contra o PDT no Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE/CE) pedindo a desfiliação por justa causa. Eles alegam ter sofrido grave discriminação política pessoal e mudança substancial do programa partidário.

Proporcionalidade
Os parlamentares ocupam cargos proporcionais, ou seja, que pertencem ao partido. Por isso, deputados federais e estaduais precisam das cartas de anuência concedidas pela agremiação partidária para conseguir a desfiliação fora do período da janela partidária, que, para eles, será apenas em 2026. Além disso, a anuência é importante para que os deputados mantenham os mandatos mesmo que saiam do partido pelo qual foram eleitos.

Como explica o advogado Wilson Emmanuel Pinto, especialista em Direito Eleitoral, mesmo com as anulações das cartas de anuência pelo PDT, os parlamentares ainda sim podem ganhar suas desfiliações. Ele cita como exemplo o caso do presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, Evandro Leitão, que também buscou na Justiça o direito de se desfiliar do PDT, mantendo o mandato de deputado estadual, e hoje está filiado a outro partido, o PT.

Wilson ressalta que há situações em que a mudança de partido é permitida, mesmo fora da janela partidária, através de decisão da Justiça Eleitoral. Ele destaca duas: o desvio do programa partidário e a grave discriminação pessoal. Ele avalia que é possível enquadrar a situação dos parlamentares dissidentes do PDT como grave discriminação pessoal, o que configuraria justa causa para que seja obtida a chancela para a saída do oartido sem a perda do mandato parlamentar.
“O ato de anulação das anuências pela direção do PDT não atrapalha o direito dos parlamentares de obter esse direito pela Justiça. Neste caso, pelo o que está acontecendo no PDT, a Justiça Eleitoral tem chancelado a mudança partidária sem a perda do mandato parlamentar”, diz o advogado.

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