quarta-feira, 3 de janeiro de 2024

 

Presidente do Senado deve reunir líderes sobre reoneração

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD/MG), deve reunir os líderes de partidos do Congresso Nacional na próxima semana para tratar da medida provisória (MP) que prevê a reoneração gradual da folha de pagamento. A data ainda não está marcada, mas o senador indicou a aliados que pretende organizar a conversa para 8 ou 9 de janeiro.

Pacheco decidirá se devolverá ou não a proposta ao governo somente após o encontro. A MP foi anunciada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), na última semana de dezembro passado e sofreu resistência imediata de parlamentares. Uma das reclamações dos senadores e deputados é sobre o instrumento escolhido, uma medida provisória, que prevê a revogação da lei da desoneração da folha que foi aprovada pelo Congresso, e cujos efeitos começam a partir de 1º de abril de 2024.

A ação foi considerada uma tentativa do governo de impor vontade aos parlamentares, que pediram a Pacheco que devolva a MP ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ou seja, nem a deixe tramitar no Legislativo. O senador Efraim Filho (União/PB), classificou a edição da MP como “afronta” ao Congresso e disse que o ideal seria que Lula enviasse um projeto de lei para que fosse debatido.

Efraim foi autor do projeto de desoneração vetado por Lula. Posteriormente, o veto foi derrubado pelos parlamentares. O próprio presidente do Senado disse ver com “estranheza” a medida e afirmou que ouviria os líderes das duas Casas porque há contexto “de reação política” à edição da MP que precisa ser levado em conta.

“Farei análise apurada do teor da medida provisória com o assessoramento da Consultoria Legislativa do Senado. Para além da estranheza sobre a desconstituição da decisão recente do Congresso sobre o tema, há a necessidade da análise técnica sobre os aspectos de constitucionalidade da MP”, afirmou Pacheco por meio de nota, ainda em dezembro.

Ele foi avisado por Haddad de que o governo publicaria a MP e alertou o ministro de que a iniciativa sofreria resistências. Na conversa, o senador não se comprometeu nem a manter a tramitação da proposta, nem a devolver o texto.
Apesar disso, integrantes da área política e econômica do governo apostam que ele dará tramitação à proposta. De acordo com ministros, a decisão de editar MP foi tomada, para evitar que o governo tivesse que recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra a lei da desoneração aprovada pelo Congresso, já que Lula teve o veto ao projeto derrubado pelos parlamentares.

Inicialmente, os efeitos da MP entrariam em vigor já em 1º de janeiro. Na véspera da publicação no Diário Oficial da União, porém, a área jurídica do governo alertou que o ideal era aplicar o princípio da noventena para evitar qualquer questionamento jurídico e blindar a medida.
A noventena prevê que qualquer mudança relativa a tributos precisa de 90 dias para entrar em vigor, contados a partir da publicação. A alteração contrariou os técnicos da Fazenda, que veem a reoneração como nova sistemática de benefício fiscal, mas prevaleceu a análise da área jurídica.

A mudança acaba por facilitar também a negociação com os parlamentares. A equipe econômica espera em até 90 dias reduzir a resistência dos congressistas à MP e chegar a um acordo.
A MP foi anunciada por Haddad como parte do pacote de três propostas para evitar a perda de arrecadação da União. Uma delas prevê a reoneração gradual da folha de pagamento por atividade como alternativa à prorrogação do benefício integral até dezembro de 2027. A medida prevê a criação de dois grupos de empresas beneficiadas com alíquotas reduzidas sobre o primeiro salário mínimo.

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