terça-feira, 23 de janeiro de 2024

Moro expõe cerco à Operação Lava-Jato e chega isolado a julgamento

O julgamento que pode cassar o mandato de Sergio Moro (União/PR) e o inquérito aberto recentemente no Supremo Tribunal Federal (STF) podem consolidar em 2024 a cruzada de integrantes da política e de Tribunais Superiores contra o senador, além de enterrar de vez a Operação Lava-Jato. O cenário de isolamento que Moro vive no mundo político e jurídico amplia o risco vivido neste ano pelo ex-ministro da gestão Jair Bolsonaro (PL).

Principal protagonista da operação que desvendou casos de corrupção em governos do PT e que foi em grande parte anulada por recorrer a manobras ilegais nas investigações, o ex-juiz deve ser julgado no começo deste ano pelo Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE/PR), que analisará ação que pode levá-lo à cassação e, mesmo se obtiver uma vitória no TRE, há chance de o caso subir para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que tem formação ainda mais adversa ao ex-magistrado.

Os processos contra Moro tramitam em contexto de isolamento do senador tanto no Legislativo quanto no Judiciário em Brasília. No auge da popularidade da Lava-Jato, os Tribunais Superiores confirmavam praticamente todas as decisões dele e a classe política temia fazer críticas à operação. Agora, o ambiente é o oposto, o que amplia a chance de o ex-juiz sofrer reveses nas ações a que responde.

Até o início de 2024, o processo eleitoral que conta com uma aliança inusual contra ele, que uniu o PT do presidente Lula e o PL de Bolsonaro, era o principal motivo de preocupação do senador. No entanto, em meados deste mês ele passou a responder também a uma investigação criminal perante o Supremo. O ministro Dias Toffoli determinou abertura de inquérito para apurar a atuação de Moro no acordo de delação premiada do ex-deputado Tony Garcia firmado 20 anos atrás, em 2004, no âmbito do caso do Banestado.

O fato de Toffoli ser o relator do caso amplia o risco vivido pelo ex-juiz. O magistrado do STF é um dos principais algozes da Lava-Jato na cúpula do Judiciário.

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