Moro expõe cerco à Operação Lava-Jato e chega isolado a julgamento
O julgamento que pode cassar o mandato de Sergio Moro (União/PR) e o inquérito aberto recentemente no Supremo Tribunal Federal (STF) podem consolidar em 2024 a cruzada de integrantes da política e de Tribunais Superiores contra o senador, além de enterrar de vez a Operação Lava-Jato. O cenário de isolamento que Moro vive no mundo político e jurídico amplia o risco vivido neste ano pelo ex-ministro da gestão Jair Bolsonaro (PL).
Principal protagonista da operação que desvendou
casos de corrupção em governos do PT e que foi em grande parte anulada por
recorrer a manobras ilegais nas investigações, o ex-juiz deve ser julgado no
começo deste ano pelo Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE/PR), que
analisará ação que pode levá-lo à cassação e, mesmo se obtiver uma vitória no
TRE, há chance de o caso subir para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que
tem formação ainda mais adversa ao ex-magistrado.
Os processos contra Moro tramitam em contexto de
isolamento do senador tanto no Legislativo quanto no Judiciário em Brasília. No
auge da popularidade da Lava-Jato, os Tribunais Superiores confirmavam
praticamente todas as decisões dele e a classe política temia fazer críticas à
operação. Agora, o ambiente é o oposto, o que amplia a chance de o ex-juiz
sofrer reveses nas ações a que responde.
Até o início de 2024, o processo eleitoral que
conta com uma aliança inusual contra ele, que uniu o PT do presidente Lula e o
PL de Bolsonaro, era o principal motivo de preocupação do senador. No entanto,
em meados deste mês ele passou a responder também a uma investigação criminal
perante o Supremo. O ministro Dias Toffoli determinou abertura de inquérito
para apurar a atuação de Moro no acordo de delação premiada do ex-deputado Tony
Garcia firmado 20 anos atrás, em 2004, no âmbito do caso do Banestado.
O fato de Toffoli ser o relator do caso amplia o
risco vivido pelo ex-juiz. O magistrado do STF é um dos principais algozes da
Lava-Jato na cúpula do Judiciário.
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