terça-feira, 23 de janeiro de 2024

Lula veta R$ 5,6 bi em emendas no Orçamento

O relator do Orçamento de 2024, deputado federal Luiz Carlos Motta (PL/SP), disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sancionou a lei, mas com veto de R$ 5,6 bilhões a emendas, incluídas no texto por parlamentares. “Ela [ministra do Planejamento, Simone Tebet – MDB] vai cortar R$ 5,6 bilhões do Orçamento. Das emendas. E nós vamos reconstruir isso junto com governo”, afirmou o parlamentar a jornalistas no Palácio do Planalto, em Brasília, após a reunião em que houve a sanção, nessa segunda-feira (22).

Motta admitiu que o veto do presidente ainda pode ser derrubado pelo Congresso Nacional. “Isso que vamos tentar construir até a próxima sessão. Logicamente, se não achar solução, o objetivo dos parlamentares é logicamente derrubar o veto”, completou.

O texto foi aprovado pelo Congresso em dezembro e o prazo para sanção terminou justamente ontem. A lei deve ser publicada no Diário Oficial da União desta terça-feira (23). O governo tentou, junto aos parlamentares, emplacar mudanças nos trechos que diziam respeito ao pagamento de emendas, sem sucesso. Agora Lula vetou parte do aumento das emendas, aqueles recursos que deputados e senadores enviam para obras e projetos em seus redutos eleitorais e, com isso, colhem capital político.
Em ano eleitoral, o Congresso Nacional aprovou valor recorde de R$ 53 bilhões. Com o veto de Lula, o saldo será de cerca de R$ 47,5 bilhões. Esse tipo de verba dá mais poder às cúpulas da Câmara e do Senado, que usam as emendas para conquistar mais influência entre os parlamentares.

No primeiro ano do atual mandato de Lula, foram reservados R$ 46,3 bilhões para atender aos parlamentares, o que já era um patamar muito alto e sem precedentes. No fim do ano passado, aliados do presidente pediram para que o projeto tivesse um montante menor de emendas.
O pedido não foi bem recebido no Congresso. Mesmo membros de partidos com cargos no governo, como União, PP e PDT, rejeitaram a ideia de cortar a previsão para emendas em ano eleitoral. Existem três tipos de emendas: as individuais (que todo deputado e senador têm direito), as de bancada (parlamentares de cada estado definem prioridades para a região) e as de comissão (definida por integrantes dos colegiados do Congresso).

O veto de Lula foi nas de comissão. Líderes do Congresso admitem que elas funcionarão como as extintas emendas de relator, que eram a principal moeda de troca nas negociações do governo Bolsonaro (PL) e do Legislativo. Esse mecanismo, porém, foi derrubado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no fim do ano passado.
Em 2022, as emendas de comissão representaram apenas R$ 330 milhões. Para 2024, o Congresso aprovou R$ 16,6 bilhões. O aumento do valor é visto como outro entrave para a relação de Lula com o Congresso. Isso amplia a margem para deputados e senadores votarem de forma independente ao governo, pois já têm a garantia de milhões de reais para enviar às bases.
E, apesar desse veto de Lula, o presidente concordou com fundo eleitoral de R$ 4,96 bilhões para os partidos utilizarem na campanha durante as eleições municipais deste ano. Essa informação, do jornal O Globo, foi confirmada pelo líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (Rede/AP), e pelo já citado relator do Orçamento.
A soma é igual ao valor destinado às eleições nacionais de 2022 e 96% maior do que a quantidade de 2020, quando ocorreu a votação mais recente para prefeitos e vereadores, já em números corrigidos pela inflação, ainda de acordo com O Globo.

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