Lula inicia série de viagens por redutos do PT
O presidente Lula (PT) começa nesta quinta-feira (18) uma série de viagens pelo Brasil de olho nas eleições municipais de 2024. O petista decidiu iniciar o giro doméstico por redutos eleitorais do Partido dos Trabalhadores: Bahia, Pernambuco e Ceará. Lula já vinha afirmando nos últimos meses que iria “rodar o Brasil” este ano, após priorizar agendas internacionais no primeiro ano do mandato.
As viagens ocorrem em momento político
estratégico, em que o PT busca recuperar força nas eleições locais ao mesmo
tempo em que atua para impedir o avanço de bolsonaristas. Após desempenho
decepcionante em 2020, quando não elegeu nenhum prefeito de capital, o PT busca
aproveitar o prestígio de Lula para retomar espaço nos municípios e construir
as bases de alianças para a eleição presidencial de 2026.
O presidente priorizará, inicialmente, a região Nordeste, que
massivamente deu votos a ele em 2022. O primeiro desembarque é na Bahia, um dos
estados que mais visitou em 2023 e que, até o ano retrasado, era governado pelo
ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT).
Além disso, Lula deve ter nessa primeira sequência
de viagens compromissos com militares, em gesto à classe após o estremecimento
da relação no início do governo. O potencial de atritos com as Forças Armadas
voltou à tona na semana passada, com as cerimônias para lembrar os atos
golpistas de 8 de janeiro. O ministro da Defesa, José Múcio, que é do Recife,
acompanhará Lula nos dois dias de viagem.
Na manhã de hoje, Lula participa da cerimônia de
implantação do Parque Tecnológico Aeroespacial em Salvador. De acordo com o
Governo Federal, trata-se de local dedicado ao fomento de pesquisas avançadas e
inovação no campo aeroespacial. A idealização do projeto foi feita pelo
Ministério da Defesa, pelo Comando da Aeronáutica, pelo Governo baiano e o pelo
Senai, que vai gerir a unidade.
Na tarde desta quinta, Lula parte para Pernambuco,
onde ficará até sexta. Ele estarpa na cerimônia de retomada de investimentos na
refinaria Abreu e Lima, em Ipojuca (PE). Boa parte do roteiro do petista neste
ano passará por inaugurações de obras e projetos do novo Programa de Aceleração
e Crescimento (PAC), como a refinaria da Petrobras.
No dia seguinte, pela manhã, participará da
cerimônia de transmissão de cargo do Comando Militar do Nordeste, em Recife. Na
ocasião, o general Kleber Vasconcellos passará o comando para o general
Maurílio Ribeiro.
Em seguida, Lula estará na solenidade de
assinatura do Termo de Compromisso para construção da Escola de Sargentos, no
mesmo local. Ele ainda estará no mesmo dia no Ceará, para o lançamento da pedra
fundamental do campus do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) na Base
Aérea de Fortaleza.
De acordo com auxiliares do Palácio do Planalto, a
ideia é visitar na sequência Santa Catarina e Minas Gerais, dois estados em que
Lula ainda não foi desde que iniciou o terceiro mandato. Em março, o presidente
deve visitar o Piauí, que lhe deu o maior porcentual de votos contra Jair
Bolsonaro (76,8%).
Minas foi chave para a vitória dele em 2022 e é
governado por potencial adversário na próxima corrida presidencial, Romeu Zema
(Novo). Por isso, o petista vem sendo cobrado por aliados para realizar visita.
Até mesmo o presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco (PSD/MG),
pediu ao petista que priorizasse o Estado.
Com 20 milhões de habitantes, Minas é o segundo
maior colégio eleitoral do país. Além do mais, é considerada um espelho do
resultado da eleição nacional. Lula chegou a anunciar que iria a Minas para
lançar obras do novo PAC e soltou provocação contra Zema e contra o governador
de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), outro potencial adversário. O
petista disse, em agosto, que faria eventos nesses Estados com ou sem a
presença dos governadores.
Já Santa Catarina é governada pelo bolsonarista
Jorginho Mello (PL). No segundo turno, 69,7% dos eleitores do Estado votaram em
Bolsonaro. Em 2023, Lula chegou a receber críticas por priorizar viagens
internacionais mesmo em momentos de crise no país. O caso mais emblemático
envolveu as enchentes no Rio Grande do Sul, em setembro.
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