terça-feira, 9 de janeiro de 2024

 Lula diz que perdão do 8 de janeiro soaria como impunidade

Para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), “perdão soaria como impunidade” e que o ato que lembrou um ano dos ataques golpistas às sedes dos Três Poderes, em Brasília, marcou a vitória da democracia sobre o autoritarismo. “Nunca uma caminhada tão curta teve tanto significado na história do nosso país. A coragem de parlamentares, governadores e governadoras, ministros e ministras da Suprema Corte, de Estado, militares legalistas e, sobretudo, da maioria do povo brasileiro garantiu que nós estivéssemos aqui hoje [ontem] celebrando a vitória da democracia sobre o autoritarismo”, disse nessa segunda-feira (8).

“Não há perdão para quem atenta contra democracia e contra seu próprio povo. O perdão soaria como impunidade, para novos atos terroristas do nosso país. Salvamos a democracia. Mas a democracia nunca está pronta. Precisa ser construída e cuidada todo santo dia”, afirmou.

A declaração do petista ocorreu durante o evento que reuniu, no Congresso Nacional, centenas de convidados, entre autoridades e representantes da sociedade. A ação que lembrou o 8/1 teve o nome da campanha lançada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no ano passado, “Democracia Inabalada”, com a participação dos presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD/MG), e do STF, ministro Luís Roberto Barroso, de governadores e prefeitos.

Autoridades fizeram uma espécie de reapresentação da tapeçaria de 1973 de Burle Marx após a restauração. Em 8 de janeiro de 2023, a obra foi rasgada e suja de urina por vândalos. Após, no evento de ontem, Lula, Pacheco e Barroso seguraram um exemplar da Constituição Federal que foi roubado por bolsonaristas. A réplica acabou sendo recuperada ainda em janeiro do ano passado e devolvida ao STF pelo ministro da Justiça, Flávio Dino.

Um vídeo institucional com imagens da invasão aos prédios dos Três Poderes e da reação das autoridades também foi exibido na cerimônia dessa segunda-feira, antes dos discursos. Integrantes da oposição não participaram, assim como governadores alinhados a Jair Bolsonaro (PL).
O presidente da Câmara, deputado federal Arthur Lira (PP-AL), também não esteve presente. Estava previsto até o discurso dele, mas o parlamentar cancelou presença alegando problemas de saúde na família.

No 8/1, apoiadores do ex-presidente insatisfeitos com a derrota na eleição depredaram as sedes dos Três Poderes e pediram por intervenção militar. No dia seguinte ao ataque, ocorreram prisões de milhares de golpistas que acampavam em frente ao Quartel do Exército em Brasília.

Em declaração por vídeo, no sábado (6), Lula relembrou os ataques golpistas do ano passado e disse que rechaçou decretar a Garantia da Lei e da Ordem (GLO) para não terceirizar aos militares o comando da crise que, segundo ele, deveria ser resolvida na política. “Nas conversas que eu tive com o ministro Flávio Dino, e foram muitas conversas, dentre várias coisas que ele me falou, ele aventou que uma das possibilidades era fazer GLO. E eu disse ao ministro Flávio Dino que não teria GLO. Eu não faria GLO porque quem quiser o poder que dispute as eleições e ganhe, como eu ganhei as eleições”, afirmou.

Segundo aliados do presidente, houve no governo quem defendesse o decreto de GLO para tentar dar fim às cenas de vandalismo em Brasília. A avaliação de autoridades naquele dia era que as forças de segurança do Distrito Federal, como a Polícia Militar, não estavam agindo para conter os manifestantes.
Havia ainda clima de desconfiança muito grande em relação aos militares, devido à associação dos fardados com o governo anterior. No lugar da GLO, Lula optou por uma intervenção na segurança pública do Distrito Federal.

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