Abin é reformulada em meio à
turbulência do 8 de janeiro e investigação da PF
Criada em 1999, anos após a extinção do Serviço
Nacional de Informações (SNI), órgão de espionagem da ditadura militar, a Abin
esteve em quase toda a existência sob o guarda-chuva dos militares, à exceção
do breve período de 2015 e 2016, no governo Dilma Rousseff (PT), quando ficou
subordinada à Secretaria de Governo. Sob Lula 3, saiu novamente das mãos dos
militares (Gabinete de Segurança Institucional – GSI) e foi para a Casa Civil,
sendo que o petista escolheu para a direção-geral um antigo auxiliar, Luiz
Fernando Corrêa, diretor-geral da PF durante o segundo mandato.
Apesar de ter produzido cerca de 30 alertas sobre
a possibilidade de ataques às sedes dos Três Poderes, em Brasília, às vésperas
das invasões de 8 de janeiro de 2023, a informalidade da comunicação com as
demais autoridades, por meio de mensagens distribuídas pelo WhatsApp
(individualmente ou em grupos), é apontada como um dos procedimentos falhos que
acabaram sendo revistos. “Diferentemente dos relatórios [de inteligência], os
alertas [por WhatsApp] não são tratados com profundidade do ponto de vista institucional,
sendo apenas ‘indicativos’ de eventos possíveis, espécie qualificada de ‘fofoca
institucional’”, cita relatório final da CPMI do 8 de janeiro.
“O fato atesta, em larga medida, o grau de
desorganização e irrelevância a que chegou a Abin. O próprio ministro-chefe do
Gabinete de Segurança Institucional no governo Bolsonaro, general Augusto
Heleno, disse a esta CPMI que não lia os informes da agência”, diz outro trecho
do documento.
O processo de aprovação do nome de Luiz Fernando
Corrêa para chefiar a Agência representou um segundo ponto de tensão. Desde a
transição havia uma ala dos auxiliares de Lula que gostaria de acomodar Abin e
PF (subordinada ao Ministério da Justiça) debaixo de uma mesma hierarquia. Lula
preferiu mantê-las separadas e, segundo relatos, encomendou uma reformulação da
Abin nos moldes da ocorrida na PF nas gestões anteriores dele.
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