Plenário
do STF deve analisar decisões sobre atos de Poderes
No discurso de encerramento do ano Judiciário, o presidente
do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, reiterou
nessa terça-feira (19) que decisões de integrantes do STF que envolvam atos dos
Poderes Executivo e Legislativo devem ser levadas imediatamente para avaliação
do plenário, em julgamento virtual ou físico. A declaração de Barroso ocorre
após um ano de atritos entre o Supremo e o Congresso Nacional, bem como a
aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) pelo Senado que limita
decisões individuais dos ministros, chamadas de monocráticas.
O chefe do STF argumentou, porém, que nem todos os
processos podem ser avaliados por colegiados (órgão julgador formado por equipe
de ministros). Segundo levantamento do Supremo, somente neste ano foram
recebidos 54 mil recursos, 12 mil habeas corpus e 7 mil reclamações.
Barroso afirmou que “a regra geral aqui é que
cautelares [decisões urgentes] em ações diretas que geralmente envolvem atos
dos outros Poderes venham imediatamente a plenário virtual ou físico. Foi isso
que nós reiteramos em emenda regimental aprovada ainda sob a Presidência da
ministra Rosa Weber”, disse ele, relembrando a mudança de regras que foi
aprovada pelo Tribunal no fim de 2022.
Mas “seria simplesmente inviável que todas as
decisões monocráticas viessem a plenário. Simplesmente, não teria como
funcionar”. O presidente do STF também relembrou o 8 de janeiro e chamou a data
de “dia da infâmia”, expressão que a ex-presidente Rosa Weber, aposentada em
outubro, usava para nomear os atos golpistas em Brasília no começo do ano.
Segundo ele, foi “uma das páginas mais tristes da
história deste Tribunal e da história do Brasil, mas ao mesmo tempo demonstrou
resiliência das instituições”. Ainda no discurso, Barroso afirmou que está
estruturando pesquisa com a Advocacia-Geral da União (AGU) e com as
Procuradorias dos Estados para mapear a litigância contra o poder público.
“[A pesquisa é] para nós conseguirmos fazer
diagnóstico e enfrentar as causas dessa litigiosidade, que custa quase R$ 100
bilhões por ano ao país numa desproporção, que nós temos que identificar causas
e resolver o problema que isso representa.” Além disso, avaliou que, “se R$ 100
bilhões vão para pagar condenações judiciais, é dinheiro que não está indo para
outras demandas importantes da sociedade brasileira”
O Judiciário voltará às atividades regulares em
fevereiro e, até lá, estará em esquema de plantão.
Recado
O ministro Barroso mandou um recado ao Congresso,
ao afirmar que as decisões monocráticas são um “imperativo da realidade”. A
declaração é relativa ao avanço da PEC sobre o assunto, que foi aprovada pelo
Senado e será discutida pela Câmara. O texto barra que atos do Executivo e do
Legislativo sejam suspensos por decisões individuais de ministros do Supremo.
Os ministros ficaram incomodados com o fato de a
PEC ter sido aprovada como uma maneira de o Senado “mandar um recado” ao STF de
que a Casa poderia passar outras medidas que atingissem ainda mais o Tribunal,
como mandatos e a derrubada de decisões.
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