sexta-feira, 8 de dezembro de 2023

 

Lira e Pacheco tiveram endereços pesquisados pelo PCC

O PCC fez pesquisas sobre os endereços em Brasília dos presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP/AL), e do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD/MG), com o objetivo de realizar uma missão, afirmam relatórios de inteligência do Ministério Público de São Paulo (MPSP) e da Polícia Federal (PF). A descoberta sobre o caso foi feita pela PF durante a investigação sobre o plano da facção criminosa para sequestrar o senador Sergio Moro (União/PR).


Além de levantar a localização das residências oficiais dos chefes do Congresso Nacional, o grupo criminoso também enviou uma equipe seleta de integrantes da facção à Capital federal para colocar em prática a missão, afirma o MPSP. Ao analisar o celular apreendido com um dos alvos da investigação, os analistas da PF encontraram fotos aéreas das residências oficiais de Lira e Pacheco, com comentários sobre os imóveis. Nos relatórios de investigação não é mencionado qual seria exatamente o plano a ser executado.

As imagens, diz o relatório do MPSP, foram capturadas na internet no dia 29 de novembro de 2022 e integram material da Folha de S.Paulo sobre as residências oficiais das Presidências da Câmara e do Senado, publicado por ocasião das eleições para o comando do Congresso Nacional. Em março de 2023, a PF deflagrou a operação Sequaz, que desarticulou o plano contra o ex-juiz da Operação Lava Jato em Curitiba. “Após a quebra de sigilo de celulares apreendidos, encontrou imagens, com comentários, capturadas na internet no dia 29/11/2022 pelos criminosos que compunham a célula Restrita [espécie de grupo de elite criado para ‘situações diferenciadas’] do PCC, das residências oficiais dos presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados”, diz o documento.

Também foram encontrados registros no celular de pesquisa do site Trovit sobre imóveis para compra na Península dos Ministros, no Lago Sul, região de Brasília onde ficam as residências dos chefes do Poder Legislativo. Para os investigadores do MPSP, esses indicativos “demonstram que houve determinação da cúpula para que esse setor do PCC, a célula Restrita, realizasse esses levantamentos das referidas autoridades da República”.

O relatório do MP também afirma que em 9 de maio deste ano, dois meses após a operação que mirou Moro, Janeferson Gomes, o Nefo, apontado como chefe da célula Restrita até então, acionou outros integrantes do grupo criminoso para a ação. Após ser preso pela suposta organização do atentado contra o senador, Nefo passou a destacar ao menos quatro faccionados para a missão em Brasília: Sandro Olimpio, conhecido como Cizão, Matheus, Felipe e Neymar, cujos nomes completos os investigadores não conseguiram identificar até a produção dos relatórios.

Anotações sobre a prestação de contas do grupo levantadas pelo Ministério Público na cidade de Presidente Prudente mostram que em maio, junho e julho de 2023 a célula criada para a “missão em Brasília” gastou R$ 2,5 mil por mês com o aluguel na Capital federal. O imóvel (os relatórios não apontam a localização) seria utilizado como base de apoio para os integrantes da organização.
Os registros também indicam o gasto do grupo com transporte por aplicativo utilizado por 15 dias com o objetivo de “correr atrás de terreno para compra”. Com base nas anotações, o MP de São Paulo afirma que em dois meses a célula gastou cerca de R$ 44 mil para a compra de “aparelhos celulares, aluguel de imóvel, transporte, seguro, IPTU, alimentação, hospedagem, mobília do imóvel, compra de eletroeletrônicos, etc”.
Segundo o MP, o grupo foi criado “para atuar em situações diferenciadas, de alto grau de sigilo e risco, normalmente a partir de ordens emanadas de líderes da facção paulista que estão isolados nas penitenciárias federais”.

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