Lira
e Pacheco tiveram endereços pesquisados pelo PCC
O PCC fez
pesquisas sobre os endereços em Brasília dos presidentes da Câmara dos
Deputados, Arthur Lira (PP/AL), e do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD/MG),
com o objetivo de realizar uma missão, afirmam relatórios de inteligência do
Ministério Público de São Paulo (MPSP) e da Polícia Federal (PF). A descoberta
sobre o caso foi feita pela PF durante a investigação sobre o plano da facção
criminosa para sequestrar o senador Sergio Moro (União/PR).
Além de levantar a localização das residências
oficiais dos chefes do Congresso Nacional, o grupo criminoso também enviou uma
equipe seleta de integrantes da facção à Capital federal para colocar em
prática a missão, afirma o MPSP. Ao analisar o celular apreendido com um dos
alvos da investigação, os analistas da PF encontraram fotos aéreas das
residências oficiais de Lira e Pacheco, com comentários sobre os imóveis. Nos
relatórios de investigação não é mencionado qual seria exatamente o plano a ser
executado.
As imagens, diz o relatório do MPSP, foram
capturadas na internet no dia 29 de novembro de 2022 e integram material da
Folha de S.Paulo sobre as residências oficiais das Presidências da Câmara e do
Senado, publicado por ocasião das eleições para o comando do Congresso
Nacional. Em março de 2023, a PF deflagrou a operação Sequaz, que desarticulou
o plano contra o ex-juiz da Operação Lava Jato em Curitiba. “Após a quebra de
sigilo de celulares apreendidos, encontrou imagens, com comentários, capturadas
na internet no dia 29/11/2022 pelos criminosos que compunham a célula Restrita
[espécie de grupo de elite criado para ‘situações diferenciadas’] do PCC, das
residências oficiais dos presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados”, diz
o documento.
Também foram encontrados registros no celular de
pesquisa do site Trovit sobre imóveis para compra na Península dos Ministros,
no Lago Sul, região de Brasília onde ficam as residências dos chefes do Poder
Legislativo. Para os investigadores do MPSP, esses indicativos “demonstram que
houve determinação da cúpula para que esse setor do PCC, a célula Restrita,
realizasse esses levantamentos das referidas autoridades da República”.
O relatório do MP também afirma que em 9 de maio
deste ano, dois meses após a operação que mirou Moro, Janeferson Gomes, o Nefo,
apontado como chefe da célula Restrita até então, acionou outros integrantes do
grupo criminoso para a ação. Após ser preso pela suposta organização do
atentado contra o senador, Nefo passou a destacar ao menos quatro faccionados
para a missão em Brasília: Sandro Olimpio, conhecido como Cizão, Matheus,
Felipe e Neymar, cujos nomes completos os investigadores não conseguiram identificar
até a produção dos relatórios.
Anotações sobre a prestação de contas do grupo
levantadas pelo Ministério Público na cidade de Presidente Prudente mostram que
em maio, junho e julho de 2023 a célula criada para a “missão em Brasília”
gastou R$ 2,5 mil por mês com o aluguel na Capital federal. O imóvel (os
relatórios não apontam a localização) seria utilizado como base de apoio para
os integrantes da organização.
Os registros também indicam o gasto do grupo com
transporte por aplicativo utilizado por 15 dias com o objetivo de “correr atrás
de terreno para compra”. Com base nas anotações, o MP de São Paulo afirma que
em dois meses a célula gastou cerca de R$ 44 mil para a compra de “aparelhos
celulares, aluguel de imóvel, transporte, seguro, IPTU, alimentação,
hospedagem, mobília do imóvel, compra de eletroeletrônicos, etc”.
Segundo o MP, o grupo foi criado “para atuar em
situações diferenciadas, de alto grau de sigilo e risco, normalmente a partir
de ordens emanadas de líderes da facção paulista que estão isolados nas
penitenciárias federais”.
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