sexta-feira, 1 de dezembro de 2023

 

Janones: Gravação foi estopim para suspeita de rachadinha

Um áudio de 49 minutos foi o estopim que envolve o nome do deputado federal André Janones (Avante/MG) na suspeita de promover esquema de rachadinha no gabinete dele na Câmara Federal. A gravação é de uma reunião que ocorreu no Congresso em 2019, possivelmente em fevereiro, mês em que os parlamentares da legislatura 2019/2022 tomaram posse. Janones integrou a linha de frente da campanha de Lula (PT) nas redes sociais em 2022.

O áudio, revelado pelo site Metrópoles, mostra que o deputado reuniu os então assessores com alguns objetivos que vão se desenrolando ao longo dos 49 minutos. Ele queria consultar aqueles que residiam em Ituiutaba (MG) sobre a disponibilidade de morarem ou irem semanalmente a Brasília, para reforçar a equipe na Capital federal. Também tinha o objetivo de falar uma coisa “extremamente delicada”. É quando diz que alguns dos assessores receberão salário maior e que parte desse valor será usada para a recomposição do patrimônio particular que o deputado afirma ter perdido na campanha a prefeito de Ituiutaba, em 2016, quando foi derrotado. “Não é [corrupção] porque o ‘devolver salário’ você manda na minha conta e eu faço o que quiser. São simplesmente algumas pessoas que eu confio e que participaram comigo em 2016 [das eleições municipais] e que eu acho que elas entendem que realmente o meu patrimônio foi todo dilapidado.”

Além disso, pretendia estimular os assessores a participar de vaquinha que poderia reunir até R$ 200 mil para bancar a eleição de alguns deles na disputa municipal de 2020. “[O ano de] 2020 tá aí eu pensei de a gente fazer uma vaquinha entre nós. Aí nós vamos decidir se vai ser R$ 50, R$ 100, R$ 200, se cada um dá proporcional ao salário. Isso a gente decide entre nós e a gente começa a vaquinha já no primeiro mês de salário para a gente poder disputar as eleições de 2020 com o básico pelo menos”. Janones, que reconhece a autenticidade do áudio, nega ter cometido ilegalidade. Ele afirma entender que esses assessores que devolveriam parte do salário também assumiram o compromisso de quitar dívidas da campanha de 2016. Disse também que a proposta não foi efetivada e nega ter recebido qualquer valor de salário de assessores. Dois ex-auxiliares de gabinete do parlamentar, porém, afirmam que o esquema foi implantado. Cada deputado federal tem direito a contratar até 25 assessores, cujos salários são bancados pelos cofres públicos. A verba para isso é de R$ 118 mil ao mês, por gabinete.

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