quinta-feira, 14 de dezembro de 2023

 

Congresso recua sobre obrigatoriedade de emendas

A cúpula do Congresso Nacional desistiu da proposta de ampliar a obrigatoriedade de emendas parlamentares no próximo ano, medida que engessaria ainda mais a articulação política do presidente Lula (PT). Por outro lado, os parlamentares mantiveram na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) o valor de R$ 50 bilhões em emendas para 2024, ano eleitoral, o que será recorde.

A estratégia de líderes partidários era usar o projeto da LDO, que cria as bases do Orçamento do próximo ano, para estabelecer calendário de pagamentos que, na prática, tornaria obrigatória a execução das chamadas emendas de comissão. Nova versão do texto divulgada nessa quarta-feira (13) pelo relator da LDO, deputado Danilo Forte (União/CE), retirou o trecho que determinava prazos para o governo fazer o pagamento.

As emendas são uma forma com que deputados e senadores conseguem enviar dinheiro para obras e projetos nas bases eleitorais e, com isso, ampliar o capital político. A prioridade dos parlamentares é atender os redutos eleitorais e não as localidades de maior demanda no país.

Além das indicações de comissão, controladas pelos colegiados temáticos do Congresso Nacional, também existe no Orçamento as emendas individuais (todos deputados e senadores têm direito) e de bancada (parlamentares de cada estado definem prioridades para a região). Historicamente, os governos usam esses mecanismos como moeda de troca em negociações com o Congresso. É comum haver grande volume desses repasses às vésperas de votações de interesse do Palácio do Planalto.
Por isso, a fixação de prazos para essas transferências deixa parlamentares menos dependentes do governo. Aliados de Lula criticam a ideia de ampliar o valor destinado a emendas no Orçamento de 2024, além do dispositivo que criava a obrigatoriedade de pagamento das emendas de comissão. O argumento é o de que o Congresso quer se apossar de quase R$ 50 bilhões em emendas.
O plano da cúpula do Congresso, segundo líderes partidários, prevê que as emendas de comissão funcionem como se fossem as antigas emendas de relator, que eram a principal verba de negociações políticas no governo Jair Bolsonaro (PL) e que foram extintas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no fim de 2022. Artigo incluído na LDO de 2024 reserva R$ 11,3 bilhões para emendas de comissão. As emendas individuais e as de bancada têm R$ 37,6 bilhões reservados na proposta de Orçamento. Todas são consideradas obrigatórias, por alterações feitas na Constituição em anos anteriores.

Com as indicações de comissão turbinadas o valor total de emendas se aproxima de R$ 50 bilhões. O trecho sobre o valor foi mantido na nova versão do projeto apresentada nessa quarta-feira. No entanto, foi retirado o dispositivo que obrigava o Executivo a pagar esse tipo de emenda.
O projeto da LDO precisa passar pelo plenário do Congresso, que deve ocorrer até a próxima semana. “Eu acho que tem que ter bom senso nisso. Eu sou absolutamente contra. Acho que o Congresso participa bastante. Já tem bastante emenda”, disse recentemente a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann (PR). Líderes do governo no Congresso também criticaram o texto da proposta por causa do alto valor para emendas.

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