Serviços
poderão ficar mais caros com a reforma tributária
A reforma tributária poderá deixar os serviços em geral mais caros
porque o setor, que não tem cadeia produtiva longa, terá menos benefícios de
créditos tributários. Para o Governo Federal, a medida é para compensar a
cobrança de impostos. O texto passará novamente pela Câmara dos Deputados, após
ser aprovado pelo Senado Federal na semana passada. O setor receberá aplicação
de alíquota de IVA dual, estimada em 25%, mais alta que os atuais 9,25% do
Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição para o Financiamento da
Seguridade Social (Cofins) cobrado sobre empresas com lucro presumido, situação
que engloba a maioria das prestadoras de serviço.
No entanto, alguns tipos de serviço terão alíquota diminuída em 60%. Os
senadores incluíram na lista os segmentos de comunicação institucional e de
eventos. Serviços prestados por Instituição Científica, Tecnológica e de
Inovação (ICT) sem fins lucrativos serão isentos. Os transportes coletivos
intermunicipal e interestadual migraram da alíquota reduzida para regime
específico. Além disso, o Senado colocou as agências de viagem, serviços de
saneamento e de telecomunicações em regimes específicos, que preveem sistema de
coleta e alíquotas diferenciadas. O relator, senador Eduardo Braga (MDB/AM),
também proibiu a incidência do Imposto Seletivo sobre os serviços de energia e
de telecomunicações. A Câmara havia concedido a redução de 60% na alíquota aos
serviços de transporte coletivo, de saúde, de educação, cibernéticos, de
segurança da informação e de segurança nacional serão beneficiados. Em
audiência na Câmara dos Deputados no fim de junho, o secretário extraordinário
da reforma tributária, Bernard Appy, afirmou que outros elementos deverão
compensar as alíquotas mais altas.
Primeiramente, ele citou o crescimento econômico decorrente da reforma
como fator de geração de empregos e de negócios. Appy disse ainda que o fim da
cumulatividade (tributação em cascata) trará ganhos às empresas de serviços,
que poderão usar créditos tributários atualmente não aproveitados. Ele também
citou a simplificação do sistema e a redução do litígio e do custo do
investimento como fatores de estímulo ao setor. Na instalação da Comissão
Temática de Assuntos Econômicos do Conselhão, no dia 4 deste mês, o secretário
disse que a carga tributária para alguns tipos de serviço cairá de 7% a 13% com
a reforma tributária. Assim como para os serviços em geral, as empresas de
streaming (exibição de vídeos, filmes e séries) de internet pagarão alíquota
maior.
O mesmo ocorre com aplicativos de transporte e de entrega de comidas. O
Ministério da Fazenda assegura que a redução do preço da energia elétrica
compensará esses aumentos, resultando em pouco impacto ao consumidor. A reforma
institui a possibilidade de instituição do Imposto Seletivo, que incidirá sobre
produtos prejudiciais à saúde e ao meio ambiente. Na prática, atingirá bebidas
alcoólicas, cigarros e alimentos com excesso de açúcar ou sal.
Da mesma forma que o IVA dual, a alíquota do Imposto Seletivo será
determinada posteriormente à reforma tributária. Para cigarros e bebidas
alcoólicas, não deverá haver grandes alterações de preços, porque há décadas
esses produtos pagam grandes alíquotas de Imposto sobre Produtos
Industrializados (IPI), como política de saúde pública. Nos demais produtos com
riscos sanitários e ambientais, o Imposto Seletivo resultará em encarecimento.
A inclusão dos agrotóxicos e defensivos agrícolas será discutida em lei
complementar. Para facilitar a aprovação da reforma tributária pela bancada
ruralista, o governo concordou em excluir, do Imposto Seletivo, os insumos
agrícolas, inclusive os agrotóxicos, que se beneficiam da alíquota de IVA
reduzida em 60%. (Com Agência Brasil)
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