Juiz
que assinou soltura de Lula deve assumir vara da Lava Jato
O juiz Danilo Pereira Júnior deve ser o novo titular da 13ª
Vara Federal de Curitiba, responsável pelos processos remanescentes da Operação
Lava Jato no Paraná. Ele se inscreveu na disputa pela cadeira e, pelo critério
de antiguidade, é quem aparece em primeiro lugar. Seu nome, contudo, ainda
precisa ser referendado pela Corte Administrativa do TRF-4 (Tribunal Regional
Federal da 4ª Região). Pereira Júnior é titular da 12ª Vara Federal, mas
atualmente está convocado para atuar no TRF-4, que é a segunda instância da
Justiça Federal do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Ele já substituiu membros do TRF-4 em algumas
situações, durante férias de algum magistrado, por exemplo, e atuou na análise
de recursos ligados à Lava Jato. O fato de o juiz já ter atuado na Lava Jato na
segunda instância é uma questão que deve ser analisada pela Corte
Administrativa, no momento em que o colegiado se reunir para referendar o nome
do novo titular da vara.
As defesas podem questionar a regularidade da
atuação do magistrado nos casos da operação por ele já ter votado em processos
quando esteve no TRF-4. Na 12ª Vara Federal, foi Pereira Júnior quem assinou a
soltura do hoje presidente Lula (PT), em novembro de 2019, na esteira da
decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre prisão apenas após o trânsito
em julgado de um processo (quando não há mais possibilidade de recurso).
Cabia a Pereira Júnior, com uma colega,
administrar as prisões e eventuais benefícios, inclusive de condenados da Lava
Jato. Agora, a 12ª Vara, responsável pelas execuções penais, deve ser ocupada
pela juíza Bianca Georgia Cruz Arenhart.
Na segunda instância, em outras decisões da Lava
Jato, ele seguiu o entendimento dos demais membros da 8ª Turma do TRF-4. Em
janeiro de 2019, por exemplo, negou um novo interrogatório a Lula, pedido pela
defesa do petista. Recentemente, também concordou com os outros integrantes do
colegiado para declarar a suspeição do juiz federal Eduardo Appio, afastado
desde maio da 13ª Vara Federal de Curitiba.
Em 6 de setembro, Pereira Júnior e os
desembargadores federais Loraci Flores de Lima e Carlos Eduardo Thompson Flores
Lenz acolheram pedido do MPF (Ministério Público Federal) para reconhecer a
suspeição de Appio em todos os processos derivados da Lava Jato e declarar a
nulidade de todos os atos praticados por ele nos processos.
O MPF buscou mostrar o apoio de Appio a petistas,
apontando, por exemplo, que, até o início do ano, o juiz usava o login “LUL22”
para acessar o sistema eletrônico da Justiça Federal. Dias depois, a decisão
dos três magistrados foi anulada pelo ministro Dias Toffoli, do STF. Na esteira
disso, eles também se tornaram alvos do corregedor nacional de Justiça, Luis
Felipe Salomão.
Pereira Júnior já atuou como juiz auxiliar no
gabinete do ministro Gilmar Mendes, do STF, durante o julgamento do escândalo
do mensalão, em que figuras importantes do PT foram denunciadas. Esse vínculo
se encerrou em 2014. Ele se formou em direito em 1989, na Faculdade de Direito
de Curitiba. É especialista em direito tributário pela PUC-PR. Entre as décadas
de 1980 e 1990, foi servidor público estadual e advogado. Ingressou na Justiça
Federal por concurso público em 26 de junho de 1996.
Na Justiça Federal, atuou na 3ª Vara Federal de
Joinville, na 2ª Vara Federal de Londrina, na 2ª Vara Federal de Ponta Grossa e
na 2ª Turma Recursal do Paraná. Também foi titular da 1ª Vara Federal Criminal
de Curitiba e trabalhou na Corregedoria da Penitenciária Federal de Catanduvas
em 2008.
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