Governo
lança ofensiva para atrair emendas ao PAC
O governo
do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lançou ofensiva para tentar atrair
emendas parlamentares a fim de financiar o novo Programa de Aceleração do
Crescimento (PAC). As estratégias incluem a garantia de que o recurso das
emendas não será contingenciado e mesmo contrapartidas federais, do tipo “pague
2, leve 3”, modelo pelo qual o Executivo promete construir empreendimento a
mais para determinada ação abraçada por emenda parlamentar.
As ações sinalizam tentativa do Governo Federal de
ter controle maior sobre o Orçamento da União, após período de transferência de
competência e recursos cada vez maior para o Congresso Nacional, principalmente
durante os anos da administração do presidente Jair Bolsonaro (PL). Emenda é a
forma como congressistas enviam dinheiro para financiar obras e projetos nos
redutos eleitorais.
O Congresso tem avançado nos últimos anos para
ampliar cada vez mais o valor dessa verba e assumir o controle sobre ela. Na
avaliação do Palácio Planalto, é preciso concentrar e direcionar recursos para
as ações estratégicas delineadas pelo governo, evitando assim que o dinheiro
seja distribuído de maneira pulverizada.
Na semana passada, o ministro-chefe da Casa Civil,
Rui Costa (PT), e o ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais,
Alexandre Padilha (PT), participaram de reunião com coordenadores de bancadas
estaduais para apresentar opções de direcionamentos das emendas a projetos do
PAC. A reportagem teve acesso a uma apresentação disponibilizada aos
parlamentares.
No documento, o Planalto cita a possibilidade de
repasses via emendas para as áreas de saúde, habitação e educação, entre
outras. E destaca as vantagens em destinar esses recursos para os projetos do
novo PAC. Na saúde, comandada pela ministra Nísia Trindade, há a possibilidade
de repassar recursos para a construção de policlínicas, unidades especializadas
de apoio em diagnósticos, unidades básicas de saúde (UBS) e para a compra de
ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), por exemplo.
A gestão Lula oferece contrapartida financeira do
Ministério da Saúde caso haja aporte de emenda de bancada (aquelas destinadas
em conjunto pelos parlamentares de determinado estado) para a construção de
policlínicas. Nesse caso, o Executivo financiará uma unidade adicional, a cada
duas policlínicas selecionadas que receberem emendas de bancada. Um dos
requisitos é que a emenda represente o valor total do empreendimento.
Alguns parlamentares brincaram nos bastidores que
o governo estava fazendo uma “black friday” para tentar atrair emendas.
“Somente a policlínica terá contrapartida financeira do MS [Ministério da
Saúde] se receber emenda de bancada. O Governo Federal financiará uma
policlínica adicional, com recursos do Ministério da Saúde, a cada duas
policlínicas selecionadas que receberam emendas de bancada”, afirma o texto da
apresentação.
A construção de policlínicas foi escolhida para
ter essa contrapartida por se tratar de empreendimento com valor mais elevado e
que atende a população de área geográfica maior e não apenas uma cidade. Além
disso, o atendimento especializado é apontado como prioridade da Saúde.
Também é o caso de empreendimento em que a oferta
do governo não supera a necessidade dos entes federados. Há atualmente 321
pedidos de policlínicas protocolados. Dependendo do tipo, cada uma pode sair
por R$ 15 milhões ou R$ 22,4 milhões.
Auxiliares do Planalto negam que o governo esteja
fazendo espécie de “feirão” ao oferecer contrapartidas. Mas consideram que os
estímulos terão efeito benéfico, tanto para parlamentares, que terão os nomes
vinculados a mais obras, quanto para o governo, que conseguirá direcionar mais
recursos para as prioridades. Afirmam que muitas obras paradas atualmente no
país são resultado de emendas mal empregadas.
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