Debate
sobre emergência climática marca segunda tarde de Conferência da Unale
O impacto
das mudanças climáticas e o papel do Brasil nesse cenário marcaram a tarde do
segundo dia da 26ª Conferência Nacional da União Nacional dos Legisladores e
Legislativos Estaduais (Unale), encontro promovido em parceria com Assembleia
Legislativa do Estado do Ceará (Alece) e Governo do Estado do Ceará.
Durante a mesa-redonda, foram
discutidos, além dos impactos, propostas para amenizar a redução da emissão de
gases de efeito estufa e conter o aumento da temperatura do planeta. O senador
Cid Gomes participou da discussão como presidente da Comissão Especial para
Debate de Políticas Públicas sobre Hidrogênio Verde, do Senado Federal, e
afirmou que o Brasil pode se destacar com a produção de hidrogênio verde.
"O grande desafio ainda é a
produção e transporte em grande escala, mas há outras alternativas em que o
Brasil também pode se destacar”, disse, reforçando a grande capacidade para
produção de energia eólica e solar, especialmente por parte dos estados do
Nordeste.
O
pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) Carlos Nobre
enfatizou que a aceleração das mudanças climáticas se dá de forma antrópica e
que os mais afastados serão aqueles que vivem em situação de vulnerabilidade
social. Ele destacou que oito milhões de brasileiros vivem em áreas de risco, e
destes, dois milhões vivem em áreas de risco extremo.
Além das ondas de calor, ele
destacou como consequências dessas mudanças no clima a ocorrência de eventos
extremos, tais como ciclones extratropicais, como o ocorrido no sul do Brasil
em setembro deste ano; a seca na Amazônia e a sequência de secas históricas
ocorridas no Nordeste na última década.
Ainda de acordo com o pesquisador,
o Brasil pode ser o primeiro país a zerar as emissões líquidas de gases de
efeito estufa até 2040, através da mudança da matriz energética, do
reflorestamento e da prática da agricultura e pecuária regenerativa. “É preciso,
no entanto, um grande esforço, de mudança de estilo de vida e mentalidade, para
conseguirmos fazer isso”, disse.
Em nível federal, outras ações têm
sido implementadas no sentido de ampliar os debates quanto aos impactos e
políticas climáticas. O coordenador-geral da Secretaria Nacional de Mudança do
Clima, vinculada ao Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Thiago
Longo, aponta que foi reestabelecido o Comitê Interministerial de Mudança
Climática, além de implantado um Conselho Nacional de Mudanças Climáticas, que
deve envolver outros entes nacionais e academia.
Além dos colegiados, o tema
tem sido discutido no âmbito das câmaras por meio de projetos voltados para o
mercado de carbono regulado, implantação de eólicas offshore, taxonomia verde,
“propostas que devem fazer parte de uma revisão da política nacional de clima e
impactar diretamente nas discussões das casas legislativas”.
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