Cármen Lúcia diz que Judiciário continua preconceituoso e machista
Única mulher na atual composição do Supremo Tribunal Eleitoral (STF), a ministra Cármen Lúcia criticou, nessa terça-feira (14), a falta de igualdade no sistema de Justiça. Ela afirmou que mesmo como juíza também sofre preconceito.
“O Judiciário continua muito preconceituoso em
relação às mulheres, machista. Quando se faz concurso público para a
magistratura, nós temos acesso porque passamos nas provas, mas nas promoções
nós não temos as mesmas condições, em parte porque nós temos realmente uma
grande distinção em termos de trabalhos”, disse durante seminário promovido
pelo jornal O Estado de S. Paulo.
A ministra havia sido questionada sobre a
representatividade nos espaços de poder e sobre o pedido de movimentos para que
o presidente Lula (PT) indique uma ministra negra ao STF. A magistrada não se
manifestou em relação ao petista, mas falou a favor da igualdade de condições
entre homens e mulheres, classificando o assédio como inconstitucional e
destacando a sobrecarga de trabalho feminino. “É preciso que a gente lute por
isso [igualdade entre homens e mulheres], porque não há nenhuma boa vontade de
quem detém o poder de repartir este poder”, afirmou.
Assim como o presidente do STF, Luís Roberto
Barroso, a ministra rebateu críticas de que há ativismo nas decisões do
Supremo. Segundo ela, não há decisões judiciais sem embasamento.
Vice-presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Cármen Lúcia, que presidirá
o TSE nas eleições municipais do próximo ano, defendeu o Tribunal e o papel da
imprensa para a realização da votação. “Sem imprensa livre não há eleições
democráticas”.
Ela também fez apelo à participação dos jovens
nas eleições, chamando a atenção para a importância do processo de votação para
a consolidação da democracia no país. “Jovem, vote. Não tenha nenhum momento de
preguiça cívica porque o preço será você ter que lutar muito mais pelas suas
liberdades”, afirmou.
A ministra também defendeu o princípio da
transparência durante as eleições. O TSE alegou segredo de Justiça para negar
dados sobre a regra que ampliou os poderes do Tribunal dez dias antes do
segundo turno de 2022. Cármen Lúcia deixou o evento sem falar com jornalistas.
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