Alece
debate uso de tecnologia de quintais produtivos e sisteminhas no combate à fome
As comissões de Agropecuária e de
Proteção Social e Combate à Fome da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará
(Alece) realizam, na quarta-feira (29/11), a partir das 14h, audiência pública
sobre o uso da tecnologia de sisteminhas e quintais produtivos, como uma
estratégia eficaz no combate à fome. A iniciativa do debate partiu dos
deputados Larissa Gaspar (PT), Missias Dias (PT) e Renato Roseno (Psol).
Os
parlamentares ressaltam que a situação de insegurança alimentar no Brasil vem
se agravando nos últimos anos, sendo intensificada pela pandemia de Covid-19. O
Brasil voltou a figurar no Mapa da Fome da Organização das Nações Unidas (ONU),
após ter saído dessa classificação em 2014, devido a políticas públicas e
estratégias de segurança alimentar e nutricional.
Dados
do Segundo Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da
Pandemia de Covid-19 no Brasil, realizado em 2022, revelaram que 33,1 milhões
de pessoas no País, estão enfrentando insegurança alimentar. Além disso, mais
da metade da população brasileira convive com algum grau de insegurança
alimentar.
No
Ceará, ainda segundo o documento dos deputados, a realidade não é diferente,
mesmo com medidas adotadas para combater a fome. Segundo estudo do Instituto de
Pesquisa e Estatística Económica do Ceará (Ipece), 26% dos domicílios cearenses
vivem em insegurança alimentar grave. Diante dessa situação, políticas públicas
foram implementadas para assegurar renda complementar às famílias, como o
cartão Ceará Sem Fome e foram apoiadas iniciativas da sociedade civil, como as
Cozinhas Solidárias. Além dessas ações, outras tecnologias de combate à fome
têm surgido a partir da experiência dos movimentos populares, como os quintais
produtivos e o chamado Sisteminha.
Os
quintais produtivos são sistemas que integram diferentes cultivos, como
jardins, hortas, fruteiras, plantas medicinais e a criação de pequenos animais,
utilizando compostagem e adubação orgânica. Além de garantir uma alimentação
saudável para as famílias, esses quintais ainda podem gerar renda, pois o
excedente da produção pode ser comercializado. Essa agricultura familiar
diversificada contribui para a produção de oxigênio, a absorção de carbono e a
conservação das plantas nativas.
Já
o Sisteminha é uma tecnologia social que permite à família produzir alimento de
acordo com as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS). Funciona em
torno de um tanque de peixes, que fornece água para a irrigação da horta e é
uma fonte de carne. Todos os elementos do Sisteminha estão interligados e podem
ser adaptados para atender às necessidades de cada família. Essa tecnologia,
desenvolvida em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(Embrapa), já é adotada em vários estados do País e em países africanos.
O
objetivo do encontro, conforme os parlamentares, é debater propostas que
incentivem a divulgação e adoção das tecnologias sociais de sisteminhas e
quintais produtivos no Ceará.
Foram
convidados a convidadas a participar do debate, a Secretaria de Proteção
Social, Secretaria do Desenvolvimento Agrário, Comitê Intersetorial do Ceará
Sem Fome, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Movimento dos
Conselhos Populares (MCP), Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST),
Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Agricultura Familiar
do Brasil (Confetraf) e Sindicato dos Agricultores e Agricultoras Familiares na
Região Metropolitana de Fortaleza.
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