sexta-feira, 13 de outubro de 2023

 

Petistas e bolsonaristas usam crises na segurança pública para atacar Dino




O ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB), conseguiu unir petistas e bolsonaristas. Ambos os lados tentam desgastar seu nome por ele ser considerado uma alternativa na sucessão de Lula na Presidência da República e estar cotado para ocupar uma vaga no STF (Supremo Tribunal Federal)

 

O que acontece

Dino e aliados próximos reconhecem a tentativa de fritura e identificam duas origens: "fogo amigo" de dentro do governo petista e críticas da oposição

A segurança pública tem sido usada pelos polos antagônicos da política brasileira para atacar o ministro. Mas os apoiadores de Jair Bolsonaro e Lula têm interesses e métodos diferentes para bater no ministro

Os bolsonaristas fazem oposição escancarada e usam todas as oportunidades possíveis para criticar a segurança pública, uma das áreas de atuação do Ministério da Justiça.

Conseguiram que ele fosse o ministro recordista de convocações para dar explicações no Congresso, embora Dino não tenha comparecido ao último depoimento. Ele deve falar em plenário ainda neste mês 

Já no PT, as estocadas são veladas. As alfinetadas surgem nas entrelinhas e buscam pavimentar o caminho para esvaziar o poder de Dino.

O partido também tenta empurrar para o ministro os resultados negativos da segurança pública na Bahia, estado sob administração petista desde 2007

A primeira crítica, contudo, é que Dino gosta de aparecer e estaria tentando cavar espaço como sucessor de Lula na Presidência ou uma vaga no STF.

Um exemplo citado sobre esses holofotes foi a reação imediata de Dino aos ataques nas escolas. Foram várias entrevistas na televisão para explicar um plano de enfrentamento ao problema que ofuscou o ministro da Educação, Camilo Santana (PT)

Os petistas também têm tentado convencer Lula a dividir o Ministério da Justiça e Segurança Pública em duas pastas. A ideia foi ventilada após crises de segurança pública no Rio Grande do Norte, no Rio de Janeiro, em São Paulo e na Bahia.

Isso possibilitaria emplacar aliados do PT que participaram da transição nos cargos a serem criados. Como justificativa, dizem que o governo federal "pararia de apanhar" no tema

A relação mais tensa de Dino dentro do governo seria com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, que também cultiva fama de atritos com outros ministros.

Na segurança pública, por exemplo, ambos deram declarações opostas quando o Anuário de Segurança Pública apontou a Bahia como o estado com a polícia que mais mata no Brasil

Rui Costa era governador da Bahia até o ano passado e os dados do Anuário se referem à sua gestão. Ele elegeu Jerônimo Rodrigues (PT) como sucessor, além de o estado ser administrado pelo PT desde 2007.

O ex-governador criticou a fonte dos dados e sugeriu a criação de um banco de registros sob o comando do governo federal

O ministro da Casa Civil e o PT buscaram se isentar das críticas e transferir para Dino a responsabilidade do resultado ruim na segurança pública baiana.

Dino respondeu de forma camuflada, mas pública. Ele defendeu as ações do ministério em um longo discurso durante a divulgação do programa nacional de combate ao crime organizado

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