O projeto resiliente de Evandro Leitão; Por Ricardo Alcântara
Enquanto blocos do PDT disputam o controle do partido, um destacado membro,
Evandro Leitão, já faz as malas em busca de pouso mais sereno, onde o
presidente da Alece pretende garantir candidatura para a prefeitura de
Fortaleza, estribado no apoio declarado do ministro da Educação, Camilo
Santana.
Por unanimidade, a justiça
eleitoral aprovou sua saída do PDT sem perda de mandato. O plano A seria
assinar filiação ao Partido dos Trabalhadores já exibindo o crachá de candidato
– manobra inédita na tradição orgânica do PT.
O ineditismo da manobra,
rejeitada pela maioria do diretório municipal, não é o único obstáculo. Outros
bois pastam na linha: dois movimentos recentes no partido de Lula criaram
dificuldades adicionais para o projeto patrocinado por Camilo.
Um, torna inútil filiações em
massa com objetivo de alterar a composição do diretório: só vai votar quem já
se encontra hoje no partido. O outro, restringe a possibilidade de consultas
prévias à base caso dois terços do diretório não se disponha a alargar a
escolha.
Em ambos, a grande
beneficiada é a deputada Luizianne Lins em seu desejo de retornar ao Palácio do
Bispo. E o maior prejudicado é o roteiro de condução de Evandro Leitão a
candidato com apoio de Lula, Elmano e Camilo.
Caso não se encontre um modo
civilizado de remover a pedra Luizianne do sapato de Camilo, Evandro terá de se
abrigar em outra legenda para persistir na disputa. A opção natural seria o
PSB, agora realinhado com o governo Elmano.
Sem poder, por força da lei
eleitoral, exibir sua foto ao lado de Lula, Camilo e Elmano, Evandro teria que
afirmar sua personalidade, em percurso aparentemente solitário, em meio a um
quadro competitivo.
José Sarto (ou Roberto
Cláudio?) seria candidato abastecido pela máquina. Capitão Wagner atrairia o
antipetismo e o eleitor conservador da periferia. Luizianne seria a candidata
do governador e do muito popular presidente Lula.
Nesse quadro, Evandro Leitão
seria, num primeiro turno de disputa acirrada, candidato de que bandeira e
estrutura, exatamente? Não estaria desprovido de um palanque com bons recursos.
Mas seria o bastante?
Com certeza, uma candidatura
de definição menos substantiva que as demais. Não há ainda cenário testado em
pesquisas de opinião para esse quadro. Mas Evandro disputaria sob que
diferencial – isto é, a pretexto de quê? Eis a questão.
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