Elmano
diz que pode 'reconsiderar' localização da usina de dessalinização se Anatel
comprovar risco
O setor de
telecomunicações alertou o governador para o risco de a planta de
dessalinização da Praia do Futuro interferir nos cabos submarinos de fibra óptica
O governador Elmano de Freitas (PT) disse estar disposto a mudar o local onde será
instalada a usina de dessalinização da água
do mar, em Fortaleza, se a Agência Nacional de
Telecomunicações (Anatel) apresentar estudo técnico que comprove a existência de risco para o funcionamento do hub de cabos submarinos de fibra óptica.
A
Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece)
propõe instalar a usina na Praia
do Futuro, próximo aos cabos submarinos. O projeto é defendido
pelo governador, que disse ter seguido critérios científicos para definir o
local.
"Há uma regulamentação internacional entre
a distância mínima que deve haver entre a usina e os cabos. Estamos muito acima
do que é previsto de regulamentação internacional, e passamos mais de um ano
fazendo pesquisas. Todos os pesquisadores que saíram do 'acho' para a convicção
científica de distanciamento apontam que onde a usina está colocada não há
risco nenhum para os cabos", declarou Elmano na semana passada, em evento
na Capital com o vice-presidente da República e ministro da Indústria, Comércio
e Serviços, Geraldo Alckmin (PSD).
Contudo, nesta segunda-feira (2), durante o
lançamento nacional da campanha de multivacinação, também em Fortaleza, o chefe
do Executivo estadual disse que pode reconsiderar a decisão, contanto que sejam
apresentados embasamentos científicos.
O governador reforçou não achar
"razoável" colocar na mesa opiniões sem fundamentação científica,
"para uma decisão tão importante que envolve a segurança hídrica de três
milhões de pessoas e investimentos importantes". "Decisão desse porte
exige estudo técnico, dados, conhecimento e laudos que apontem algum indício.
Isso nunca foi apresentado", concluiu.
Para que serve a usina de dessalinização?
A usina é um antigo projeto
da Cagece para possibilitar uma alternativa
ao abastecimento de água na Região Metropolitana de
Fortaleza (RMF). As obras têm previsão de início no primeiro trimestre de 2024.
Já as operações da usina devem começar em 2026.
Quando
instalado, o equipamento poderá produzir 1 metro cúbico por segundo (m³/s) de
água potável, aumentando em 12% a oferta para a Capital, podendo beneficiar
cerca de 720 mil pessoas. Esse projeto ganhou força, principalmente, durante o
último período de estiagem no Ceará, quando os reservatórios do Estado ficaram
em situação crítica.
Embate com as teles
Os setores de abastecimento e
tratamento de água e o de telecomunicações há anos travam embates sobre a
instalação da planta de dessalinização na Praia do Futuro, em Fortaleza. Como o Diário do Nordeste publicou
na última sexta-feira (29), as empresas de telefonia
alegam que a usina fica muito perto dos cabos de fibra óptica, enquanto a
Cagece garante que a estrutura dessalinizadora não deve interferir na
transferência de dados.
Na
região, estão instalados cabos submarinos de fibra óptica que datam do início
dos anos 2000. Atualmente, segundo informações da Anatel, há 16 cabos do tipo
no litoral da Capital, o que elevou a Cidade ao patamar de segundo maior hub tecnológico
de transferência de dados no mundo, atrás apenas de Shima, no Japão. E é por
meio desses cabos que a Capital se inteconecta com cidades das Américas
Central, do Norte e do Sul, e com países da África e da Europa.
A Anatel estima ainda que
mais de 90% de toda a internet do Brasil e da porção sul do continente passa
por Fortaleza.
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