segunda-feira, 15 de maio de 2023

Enfermeira diz à PF ter emprestado senha para apagar registros de vacinação de Bolsonaro


Chefe da central de vacinação de Duque de Caxias (RJ), a enfermeira Cláudia Helena Acosta Rodrigues da Silva afirmou, em depoimento à Polícia Federal, que emprestou sua senha para o então secretário de governo do município, João Carlos de Sousa Brecha, excluir registros de vacinação contra a Covid-19 do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)

O conteúdo do depoimento foi antecipado neste sábado pelo jornal “Folha de S.Paulo”. A PF investiga um grupo suspeito de inserir dados falsos de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde.

Os dados, segundo os investigadores, foram inseridos nos sistemas em 21 de dezembro de 2022 por Brecha. Uma semana depois, no dia 27 de dezembro, as informações foram excluídas do sistema por Claudia, sob alegação de "erro". Ela foi um dos alvos da operação.

Segundo informações do g1, a servidora afirmou que foi procurada pelo secretário municipal de governo, mas não recebeu informações sobre quais registros seriam excluídos sob a justificativa de não "envolvê-la em problemas, uma vez que se tratavam de pessoas relevantes e conhecidas".

Cláudia afirmou que emprestou a senha, porque acreditava que a exclusão dos registros seria "idônea" e disse não ter visto "qualquer má fé" no pedido. A enfermeira disse ainda que só começou a ajudar Brecha após solicitação de sua chefe, a secretária de Saúde, Célia Serrano. A servidora declarou à PF que não conhece pessoalmente Brecha e que os dois apenas trocaram mensagens no WhatsApp.

Segundo as investigações, teriam sido forjados dados nos cartões de Bolsonaro, da filha de Bolsonaro, hoje com 12 anos, do ex-ajudante de ordens Mauro Cid, da esposa e da filha dele. A suposta falsificação teria o objetivo de garantir a entrada de Bolsonaro, familiares e auxiliares próximos nos Estados Unidos, burlando a regra de vacinação obrigatória.

No início do mês, seis pessoas foram presas pela PF, entre elas Mauro Cid e Brecha, em uma operação batizada de Venire para investigar o episódio. Cláudia foi um dos alvos da ação, que fez buscas e apreensões contra Bolsonaro. Na ocasião, o ex-presidente afirmou que "não houve adulteração" da sua parte.

O assessor de Bolsonaro, Fabio Wajngarten, disse que o ex-presidente não sabia do uso das senhas e que não precisava de comprovante de vacinação para entrar nos EUA.

"O presidente Bolsonaro não se vacinou, como já disse reiterada vezes. Não conhece o uso de quaisquer senhas que tenham sido usadas em seu nome ou para uma suposta vacinação com o objetivo de viajar para os EUA. Como já informado à imprensa, ele não precisava de comprovação para ingressar nesse país", declarou.

Ao g1, a Prefeitura de Duque de Caxias informou que "através da Secretaria Municipal de Saúde, após a divulgação da operação Venire, da Polícia Federal, instaurou uma sindicância, no dia 04/05/2023, para apurar os fatos e responsabilidades acerca das circunstâncias supostamente ocorridas no âmbito municipal".

Fonte: O Globo


 

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