Em 12 meses a Justiça Eleitoral vai abrir calendário para que políticos troquem de partidos sem que haja consequências jurídicas para legisladores (estaduais e federais) e as siglas: é a famosa janela partidária.
É através dela que boa parte da classe política resolve pendências partidárias e reorganiza a rota do que farão nas eleições. Dessa vez, o que está em jogo são as eleições municipais de 2024.
No Ceará, o assunto "janela partidária" ganha outro ingrediente. Em meio a uma crise sem fim do PDT, especula-se nos bastidores que os 30 dias permitidos pela Justiça Eleitoral para a mudança de partido seja a oportunidade para que a legenda ganhe nova cara, com saídas e/ou chegadas de lideranças.
Por enquanto, ninguém fala no assunto. Em um ano muita água ainda pode rolar, é verdade. No entanto, o calendário do Tribunal Superior Eleitoral é a certeza de que em abril do ano que vem o PDT irá se reorganizar internamente em busca da unidade perdida ainda na pré-campanha eleitoral de 2022.
O TAMANHO DO PDT
O PDT hoje é o maior partido do Ceará – detentor da maior quantidade de prefeitos, deputados estaduais e federais. Os líderes da legenda, Cid e Ciro Gomes, no entanto, não estão tão alinhados politicamente como antigamente. Vimos isso de forma clara nas eleições do ano passado quando o senador não abraçou a candidatura do PDT publicamente para a disputa de governador.
A relação trincada foi sentida pelos liderados. Noticiamos no Diário do Nordeste diversas desfiliações de prefeitos que eram do PDT bem no período da campanha eleitoral. Sem apoiar Roberto Cláudio para a sucessão no Palácio da Abolição, gestores deixaram o PDT para tomar a liberdade de apoiar a candidatura de Elmano de Freitas.
Passada a eleição, especula-se que uma nova rodada de desfiliações deverá ocorrer juntamente nas eleições municipais do ano que vem. O Partido dos Trabalhadores contabiliza eleger cerca de 50 prefeitos no Ceará. Os alvos, naturalmente, deverão ser os aliados que marcham com o governador Elmano de Freitas em partidos diversos.
Nesses próximos 12 meses, é tarefa da coordenação do PDT evitar essas perdas fortalecendo o diálogo com as lideranças e definindo a posição oficial do partido na Assembleia Legislativa. Ainda sem deliberação, a legenda se divide entre nomes que se declaram base e outros que se dizem independentes.
O FATOR EVANDRO LEITÃO
Não é segredo para ninguém a relação de proximidade entre o presidente da Assembleia Legislativa do Ceará (Alece), Evandro Leitão (PDT), e o governador Elmano. Ainda na pré-campanha de 2022, comentava-se nos bastidores que, na impossibilidade de Izolda Cela ser a candidata, Camilo aceitaria sem qualquer resistência o nome do pedetista como candidato ao Abolição.
ALIADOS DE ELMANO
Infelizmente, os partidos políticos no Brasil – ou a maioria deles – ainda são um reservatório de momentos. É difícil identificar lideranças que fazem carreira em uma sigla só. No Ceará podemos citar alguns: como Tasso Jereissati (PSDB), Luizianne Lins (PT), André Figueiredo (PDT) e Eunício Oliveira (MDB). Uma pena que sejam exceções.
É entendendo esse cenário que a janela partidária não necessariamente deve reconfigurar apenas o PDT, mas também dar o tom do tamanho real da base aliada do governador Elmano de Freitas.
2024
O calendário eleitoral, embora ainda não tenha sido divulgado pelo TSE, já está no radar de dirigentes e lideranças políticas. Quem mais rápido arrumar a casa, melhor deverá lidar com as dificuldades de uma eleição municipal.
Nenhum comentário:
Postar um comentário