terça-feira, 20 de setembro de 2022

Na ofensiva por voto útil, Lula consegue apoio de ex-presidenciáveis


A campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deu ontem mais uma cartada em busca do voto útil para tentar a vitória no primeiro turno das eleições. Em um hotel de São Paulo, o petista reuniu oito ex-presidenciáveis para uma declaração conjunta de apoio, incluindo dissidentes do PT e adversários históricos. Nos discursos, as divergências foram pinceladas, mas o ponto comum foi a defesa da democracia, que, na avaliação do grupo, está ameaçada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição.

Além do vice na chapa de Lula, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), sentaram-se à mesa Fernando Haddad (PT), Marina Silva (Rede), Luciana Genro (PSol), Henrique Meirelles (União Brasil), Cristovam Buarque (Cidadania), Guilherme Boulos (Psol) e João Goulart Filho (PCdoB). A reunião foi organizada pelo coordenador do programa de governo, Aloizio Mercadante.

"O que vocês estão fazendo no gesto de hoje (ontem), companheiros, é assumindo um compromisso. E não é um compromisso com o Lula. O que vocês estão fazendo é assumir o compromisso de que este país vai voltar a viver democraticamente", disse Lula. "Não é o presidente da República e sua assessoria que determina o que é bom para a sociedade. A sociedade tem de determinar, e o governo tem de abrir espaço e criar canais de participação."

O ex-presidente enfatizou ser o alvo preferencial dos adversários na corrida eleitoral. "Cada gesto meu é na perspectiva de mostrar para a sociedade que eu quero ganhar. Obviamente que é uma eleição atípica, porque todos os candidatos, desde o atual presidente até os outros estão numa briga mais forte contra mim do que contra o próprio presidente, porque eles não querem que eu ganhe no primeiro turno", lamentou.

Um dos apoios improváveis entre os ex-presidenciáveis foi o de Henrique Meirelles, que presidiu o Banco Central durante todo o governo de Lula e foi ministro da Fazenda na gestão Michel Temer. Afastado atualmente da política, Meirelles é crítico de medidas previstas no programa de governo do petista, especialmente a revogação do teto de gastos e da reforma trabalhista.

Ainda assim, o ex-ministro citou indicadores econômicos favoráveis dos oito anos do governo Lula, como a criação de mais de 10 milhões de empregos e crescimento médio do Produto Interno Bruto (PIB) de 4%. "Esse é um resumo dos fatos. Isso é, na minha opinião, o que interessa: emprego, renda, padrão de vida da população e mostrar quem faz. Essa história de falatório pode impressionar muita gente, mas eu acredito em fatos. Olho e vejo o resultado do seu governo", afirmou Meirelles, presidenciável pelo MDB em 2018.

Ele também citou que o aumento dos auxílios, promovido por Bolsonaro às vésperas da eleição, vai causar um problema no futuro, mas que pode ser resolvido.

Divergências
Outros ex-presidenciáveis que estavam na reunião já haviam declarado apoio a Lula, como Boulos e Luciana Genro, cujo partido, o PSol, compõe a chapa do petista. Os dois, porém, têm divergências em relação ao ex-presidente. A legenda, inclusive, foi fundada por Luciana Genro após a saída dela do PT, em 2003.


 

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