quinta-feira, 5 de maio de 2022

Diretor da CIA pediu a governo Bolsonaro para não interferir nas eleições, dizem fontes


O diretor da Agência Central de Inteligência (CIA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos disse a autoridades do Brasil, no ano passado, que o presidente Jair Bolsonaro deveria parar de lançar dúvidas sobre o sistema eleitoral do país antes das eleições de outubro, fontes disseram à Reuters.


Os comentários do diretor da CIA, William Burns, que não haviam sido reportados na imprensa até então, foram feitos em uma íntima reunião a portas fechadas em julho de 2021, de acordo com duas pessoas familiarizadas com o assunto – que falaram sob a condição de anonimato.

Burns era, e permanece sendo, a autoridade de mais alto escalão dos EUA a ter se encontrado em Brasília com o governo de direita de Jair Bolsonaro desde a eleição do presidente americano Joe Biden.

Burns chegou em Brasília seis meses depois da invasão do Capitólio, em 6 de janeiro de 2021, que aconteceu após a derrota de Donald Trump nas eleições americanas.

Bolsonaro, um nacionalista de extrema-direita que idolatra Trump, ecoou as alegações infundadas do ex-presidente de que uma fraude teria acontecido nas eleições dos EUA em 2020.

Ele também lança dúvidas similares sobre o sistema de votação eletrônica do Brasil, chamando de passível de fraude, sem apresentar evidências.

Essa atitude levantou medo entre a oposição de que Bolsonaro, que está atrás do ex-presidente Lula (PT) nas pesquisas eleitorais, está semeando dúvidas para que possa seguir o exemplo de Trump, rejeitando uma possível derrota no dia 2 de outubro.

Em múltiplas ocasiões, Bolsonaro levantou a ideia de não aceitar o resultado, e tem repetidamente atacado o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) do país. Na semana passada, em seu último ataque, Bolsonaro, um ex-capitão do exército, sugeriu que os militares deveriam conduzir uma contagem de votos própria e paralela à do TSE.

Duas fontes alertaram para o potencial de crise institucional caso Bolsonaro perca por uma margem estreita, com o escrutínio focado no papel das Forças Armadas brasileiras, que governaram o país em um regime militar entre 1964 e 1985, que é celebrado por Bolsonaro.

Durante sua viagem não anunciada, Burns, um diplomata de carreira nomeado por Biden no ano passado, se reuniu no palácio presidencial com Bolsonaro e outros dois altos assessores da inteligência – o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, e Alexandre Ramagem, que naquele momento comandava a Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

Fonte: CNN Brasil
 

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