Líder nas pesquisas de intenção de voto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenta vender a imagem de um novo PT, afastado das imperícias e das condenações que impactaram o partido no passado. Em entrevista, ontem, ele enfatizou que, num eventual terceiro mandato, não integrarão o governo nomes históricos da legenda, como a ex-presidente Dilma Rousseff, cuja gestão foi considerada desastrosa; o ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu e o ex-deputado José Genoino, ambos sentenciados por corrupção (leia quadro).
Lula recuperou os direitos políticos após ter duas condenações na Lava-Jato — nos casos do triplex do Guarujá e do sítio de Atibaia — anuladas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
"Não tem sentido uma ex-presidente da República trabalhar de auxiliar em outro governo. Tenho profundo respeito pela Dilma, tem uma competência técnica extraordinária, mas tem muita gente que surgiu desde que governamos o país. Tem muita gente nova aí", comentou Lula à Rádio Super, de Belo Horizonte. Ele também destacou respeito por José Dirceu e José Genoino, mas frisou que nenhum deles aceitaria um cargo no governo.
Defesa
Na entrevista de ontem, Lula rebateu críticas à futura aliança com o ex-governador paulista, recém-filiado ao PSB. "Contraditório seria eu ter um vice do PT, que seria uma soma zero, não acrescentaria nada na expectativa eleitoral brasileira", argumentou. Ele lembrou da parceria com José de Alencar, vice-presidente nos pleitos de 2002 e 2006. "Uma pessoa que eu não conhecia", relembrou, emendando uma série de elogios ao político, que morreu em 2011.
De acordo com o ex-presidente, o fato de ele e Alckmin terem estado em lados opostos por décadas não impede que, hoje, elaborem um projeto de país juntos. "Isso não é problema, porque nós estamos, na verdade, tentando construir uma proposta de reconstrução do Brasil. O país está destruído", disparou.
Alianças fora da esquerda
A cúpula do PT aprovou, ontem, uma ampla política de alianças, que ultrapassa as fronteiras de esquerda, para enfrentar o presidente Jair Bolsonaro (PL) nas eleições. Com isso, até mesmo partidos que apoiaram o impeachment da presidente Dilma Rousseff em 2016, como o MDB, o PSD e o PSDB, poderão integrar as coligações nos estados.
Na prática, o PT está preocupado com o crescimento de Bolsonaro nas pesquisas, embora o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seja favorito nas intenções de voto. A ordem é evitar o "salto alto" e o clima de "já ganhou". Dirigentes do partido querem que Lula tenha um calendário de atividades nas ruas o quanto antes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário