segunda-feira, 19 de julho de 2021

Bolsonaro defende Pazuello sobre reunião e diz que “propina, é pelado dentro da piscina”


Em entrevista neste domingo, 18, logo após ter recebido alta hospitalar, o presidente Jair Bolsonaro culpou os lobistas e disse que “lá em Brasília não falta gente tentando vender lote na lua” para defender o general Eduardo Pazuello, seu ex-ministro da Saúde. “Quando fala em propina, é pelado dentro da piscina”, e não gravando vídeo de um encontro com representantes que diziam ter 30 milhões de doses da chinesa Coronavac para vender, afirmou o presidente em São Paulo.

Reportagem da Folha de S.Paulo na última sexta, 16, revelou que, em reunião fora da agenda, Pazuello prometeu a um grupo de intermediadores adquirir o lote dos imunizantes que foram formalmente oferecidos ao governo federal, mas por quase o triplo do preço estabelecido pelo Instituto Butantan. Apesar de Pazuello ter dito na gravação que havia assinado um memorando de entendimento para a compra, a negociação não prosperou.

“O Élcio [Franco, coronel e então secretário-executivo do ministério] trabalhou muito bem nessa questão, não tem um centavo nosso despendido com essas pessoas que foram lá vender vacina”, disse o chefe do Executivo nacional. “Brasília é o paraíso dos lobistas, dos espertalhões. Ou não é?” Questionado se não era estranho um ministro topar conversar com representantes que se dizem autorizados a vender imunizantes, Bolsonaro afirmou que, se estivesse no ministério, “teria apertado a mão daqueles caras todos”.

“Ele não estava sentado à mesa. Geralmente, tira fotografia sentado na mesa negociando. E se fosse propina não dava entrevista, meu Deus do céu, não faria aquele vídeo. Dá para você entender isso aí?”. Bolsonaro disse a jornalistas de São Paulo que todo repórter de Brasília sabe do lobby que se passa na capital federal. “Todos vocês da mídia nos pressionavam por vacinas, então muitas pessoas foram recebidas lá no ministério”, afirmou. “Se você ver o próprio traje do Pazuello, ele tá sem paletó, aquele pessoal se reuniu com o diretor responsável por possíveis compras no ministério, e na saída ele conversou com o pessoal.”

“Agora, aquele vídeo Se fosse algo secreto, negociado superfaturado, ele estaria dando entrevista, meu Deus do céu? Ou estaria escondidinho lá no porão do ministério? É só analisar isso aí.” Na saída do hospital, sem máscara, Bolsonaro disse que esqueceu o nome do policial militar Luiz Paulo Dominghetti Pereira, que, em entrevista à Folha e depois em depoimento à CPI da Covid, acusou um diretor do ministério de pedir propina de US$ 1 por cada uma das 400 milhões de doses que ofertava da AstraZeneca.

A negociação, considerada fantasma já que nunca houve garantia de conseguir o produto para o governo, resultou na demissão de Roberto Ferreira Dias horas após a entrevista à Folha. “São pessoas que não têm credibilidade nenhuma”, segundo Bolsonaro. “É motivo de orgulho para mim saber que todos esses possíveis contratos não deram mais que um passo.”

A negociação de 11 de março, com Pazuello e tratada por Bolsonaro na entrevista, teve o desfecho registrado em um vídeo em que o general da ativa do Exército aparece ao lado de quatro pessoas que representariam a World Brands, empresa de Santa Catarina que lida com comércio exterior. A Folha também obteve a proposta da World Brands. (FolhaPress)

Fonte: O Otimista


 

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